postado em 05/02/2014 13:29
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que não quer mais integrar as equipes do Programa Mais Médicos, vai permanecer na Câmara dos Deputados até o governo responder o pedido de asilo político. Ramona está desde terça-feira (4/2) na sala da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, onde passou a noite.;Fui enganada pelo governo de Cuba. Fizeram-me assinar um contrato com um valor e quando vim para cá e falei com outros médicos colombianos e venezuelanos soube que eles estavam recebendo R$ 10 mil;, contou ela, que trabalhava no município de Pacajá (PA).
O contrato assinado pela cubana prevê um pagamento de US$ 400 (pouco mais de R$ 900). Outra parcela de US$ 600 seria depositada em uma conta em Cuba. ;Compreendi que isso não está certo. Aqui tem muita internet, muita informação.;
Os médicos cubanos atuam no Brasil em regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos. O Ministério da Saúde brasileiro firmou acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para que a entidade internacional busque parcerias para a vinda de médicos ao país. No acordo, os repasses financeiros são feitos do Ministério da Saúde para a Opas, da Opas para o governo cubano, que paga os médicos.
[SAIBAMAIS]Ramona ainda contou que desde que chegou ao Brasil ; no final do ano passado, como uma das médicas da segunda equipe enviada por Cuba para o Mais Médicos ; vem sendo vigiada por outros médicos cubanos. ;Eu percebia [que estava sendo vigiada]. Tinha que falar tudo, para onde ia e não podia ir para qualquer lugar;, disse. ;As pessoas podem pensar muitas coisas, mas não podem falar. Se falar tudo o que estou contando, ela vai ser deportada para Cuba e ser presa;, acrescentou.
A cubana chegou a Brasília no último sábado (1;), de carro, depois de sair do alojamento onde prestava serviços médicos no município paraense. Ela conta que teve ajuda de amigos brasileiros, cubanos e de outros estrangeiros. Para não levantar suspeitas, a médica contou, às colegas que dividiam a mesma casa, que iria à zona rural.
Quando chegou a Marabá, conseguiu embarcar em um voo direto para Brasília. Como os profissionais que são enviados para o Brasil, Ramona estava com passaporte e, por isso, não teve problemas para embarcar. Ela ficou dois dias na casa de um amigo antes de chegar à Câmara. Segundo a médica, agentes da Polícia Federal (PF) foram ao alojamento em busca dela e interceptaram algumas ligações.
O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse que o partido já solicitou uma audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que o governo possa explicar a atuação da PF. O encontro está confirmado para o início da tarde. Cardozo dará coletiva às 13h sobre o caso.
Mendonça Filho disse ainda que a assessoria jurídica do partido deve concluir até o fim da tarde o pedido de asilo da cubana. A expectativa é protocolar o documento ainda hoje (5) no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça.