postado em 27/03/2014 15:45
A reserva de vagas para negros em concurso público não deve encontrar resistência entre os senadores, afirmam parlamentares que acompanharam a evolução do projeto na Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei (PL) 6.738/13, defendido pelo governo, que tramita em regime de urgência, foi aprovado na noite de quarta-feira (26/3), em plenário, por 314 votos.O projeto foi aprovado na Câmara no mesmo dia em que recebeu parecer favorável da última comissão da Casa que deveria analisar o texto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Pelo texto que segue agora para o Senado, são reservadas para negros 20% das vagas disputadas por concurso da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista. Se aprovada como está, a medida valeria pelo período de dez anos.
;Não se trata de um programa permanente. Teria um prazo para avaliação, como está começando a ser feito no caso das universidades. Se der um bom resultado, ótimo. Mas vamos poder avaliar também se provocará um apartheid às avessas;, avaliou o deputado Roberto Freire (PPS-SP). No apartheid, regime de segregação racial que vigorou na África do Sul de 1948 a 1994, a minoria branca detinha todo poder público e econômico e à maioria negra cabia obedecer às regras separatistas.
Ainda que esteja entre matérias consideradas mais populares, criando um cenário sensível para os parlamentares contrários, durante o debate ampliado na Câmara, foram levantadas críticas ao projeto. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) chegou a classificar a reserva de vagas de preconceituosa. Na mesma linha, 35 deputados votaram contra a aprovação do texto. Houve seis abstenções.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse que as manifestações contrárias não foram suficientes para configurar uma polêmica. Mendonça Filho acredita em uma tramitação mais tranquila no Senado. ;Não sei se os senadores terão mais tempo para analisar o projeto, mas não acho que haverá polêmicas no Senado. Aqui, o DEM foi favorável e acho que [no Senado] a política será aprovada sem problemas;, acrescentou.
O projeto de lei ainda não foi enviado ao Senado, mas deve ser protocolado nos próximos dias para que os senadores comecem a analisar a matéria em comissões mistas e concluir a votação em plenário.