Jacqueline Saraiva
postado em 30/04/2014 10:52
Ao prestar esclarecimentos sobre a compra de Pasadena, a presidente da Petrobras, Graça Foster, fez um levantamento sobre os números da empresa à época do negócio, em especial sobre o desempenho da refinaria. Falando desde às 10h30 desta quarta-feira (30/4) em uma audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Foster avaliou que, até 2008, o negócio era considerado ;potencialmente bom; em função das condições econômicas do período com crescente consumo de derivados e margens de lucro otimistas. No entanto, depois desse período, o retorno foi baixo. Investigação aponta que a transação comercial teria ocasionado perdas contábeis superiores a U$ 500 milhões à estatal brasileira.[SAIBAMAIS]Foster ressaltou que a operação se enquadrava no planejamento estratégico da empresa, mas que após 2008 se tornou um negócio de baixo retorno. Pasadena era, para a Petrobras, estratégica para o refino de petróleo no exterior. ;O resultado foi muito ruim porque o mercado caiu. Não tem como dar resultado positivo;, explicou.
Pelas contas apresentadas pela presidente, a estatal brasileira pagou US$ 554 milhões pela refinaria e US$ 341 milhões pela trading com o grupo belga Astra Oil, além de outros US$ 354 milhões que foram gastos com outras aquisições. ;A Astra pagou por Pasadena, [em valor] estimado, US$ 360 milhões;. A Petrobras investiu U$ 685 milhões em Pasadena, mas o negócio resultou em baixas nos anos de 2008, 2009 e 2012, totalizando US$ 530 milhões. ;O projeto não foi realizado e não captamos a margem. Ainda houve queda de margem do refino e do consumo;.
As perdas registradas, segundo Foster, podem ser revertidas, mas isso não é prioridade da Petrobras no momento. A transação dependerá, no entanto, de uma reação do mercado, com melhora da margem de refino e aumento de consumo de derivados. Além disto, a Petrobras, segundo ela, mantém avaliação constante sobre o retorno de investimentos no exterior ou no mercado interno para decidir o que é mais lucrativo para a empresa.
Ação alvo de propostas
A Polícia Federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público investigam a aquisição da refinaria, a um preço final de cerca de U$ 1,250 bilhão. A ação também é alvo de propostas de comissões parlamentares de inquérito (CPMIs) no Congresso. Na terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros, deve reunir os líderes das duas Casas do Congresso na próxima terça-feira (6/5) para definir que comissão parlamentar de inquérito será instalada: se apenas uma CPI de senadores, ou uma mista (CPMI), formada por deputados e senadores, como querem parlamentares da oposição tanto da Câmara como do Senado.