Politica

Foster volta a afirmar que aquisição de Pasadena não foi bom negócio

Em novo depoimento no Senado, a presidente da Petrobras esclarece a compra da refinaria

Jacqueline Saraiva
postado em 27/05/2014 11:20
A Petrobras provavelmente não compraria a refinaria de Pasadena hoje, reafirmou a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, nesta terça-feira (27/5). Depondo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, -- em comissão esvaziada pela oposição mais uma vez -- Foster voltou a afirmar que a aquisição da refinaria no Texas (EUA), não foi um bom negócio. Em abril, ela havia falado aos senadores, como fez o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró -- que esteve no Congresso na semana passada para prestar esclarecimentos sobre a compra.

;É fato, e os números mostram, hoje, que não foi um bom negócio;, reafirmou Foster. Segundo ela, fatores como a descoberta do pré-sal e o crescimento do mercado brasileiro influenciaram a política de internacionalização da estatal, e Pasadena deixou de ser prioridade. Hoje, o negócio não seria fechado, garantiu.



Responsabilidade é da Petrobras

A presidente da Petrobras seguiu a mesma linha de argumentação apresentada por Cerveró para tirar da presidente Dilma Rousseff qualquer responsabilidade pelo mau negócio. ;A responsabilidade da compra é da diretoria da Petrobras, que fez uma apresentação ao Conselho de Administração. Nos dois casos, tanto na diretoria quanto no conselho, todos nos manifestamos 100% favoráveis à aquisição. Então é uma responsabilidade do colegiado;, alegou. Foster lembrou que não era integrante, à época, do conselho ou da diretoria da estatal.

Ao contrário do que disse Cerveró, Foster classificou como "extremamente importantes" as cláusulas put option e Marlim, omitidas no sumário executivo encaminhado pela diretoria de Cerveró ao Conselho de Administração da estatal. "A cláusula de put option é bastante comum, mas é preciso que se conheça a fórmula do put price, o preço de saída", alegou. O ex-diretor da área internacional garantiu na semana passada que ambas as cláusulas eram comuns em contratos do tipo e que não alterariam o destino do negócio. "Consideramos que essas cláusulas não tinham interferência, não representavam nenhum impedimento para a provação do projeto", disse Cerveró.

Ciente das versões do ex-diretor, Foster disse que "se apresentadas, elas (cláusulas) teriam demandado uma boa discussão". "Em especial, se os riscos associados estivessem explicitados e se tivesse sido colocado que se alguma coisa desse errado naquela parceria, nós teríamos de comprar 100% da refinaria;, complementou. Novamente, o depoimento conflita com o de Cerveró, que alegou que "ninguém aprova um negócio pensando na saída;.

Em consonância com as justificativas de Cerveró, Foster explicou que a compra da refinaria de Pasadena foi motivada pela necessidade estratégica de buscar mercados de refino no exterior. O mercado norte-americano foi o escolhido pelo forte crescimento então constatado. Para a presidente, um dos fatores mais relevantes para o negócio no Texas a localização estratégica da refinaria. Na semana passada, Cerveró citou ainda a possibilidade de duplicação da capacidade de produção de Pasadena, que tinha licença para amplicação, ;raríssima nos Estados Unidos;, e terreno necessário para tal.

Entenda o caso

A Petrobras é investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) após denúncias de superfaturamento e evasão de divisas pela compra da refinaria de Pasedena, no Texas, nos Estados Unidos. O acordo foi realizado em 2006, quando a estatal pagou mais de US$ 1,25 bilhão pela refinaria, quantia muito superior ao preço pago pela Astra Oil um ano antes do negócio com a Petrobras, de US$ 42,5 milhões.

Além do negócio de Pasadena, a petroleira é investigada por suposto superfaturamento na constru da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e de pagamento de propina a funcionários da estatal pela companhia holandesa SBM Offshore.

Em março, a Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF) prendeu o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, por tentar destruir provas sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado mais de R$ 10 bilhões. Em abril, ele foi acusado pela Justiça de ter desviado recursos públicos da refinaria Abreu Lima.

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