postado em 12/07/2014 07:00
O debate sobre estatizar parcialmente a gestão do futebol no país como forma de repensar a estrutura que culminou na humilhante derrota para a Alemanha na Copa do Mundo levou a política para o gramado. Especialistas em finanças públicas, administradores públicos e até jogadores subiram o tom das críticas. Nesse processo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os clubes nacionais se tornaram alvos preferenciais, especialmente quando essas associações são comparadas a equivalentes em outros países.
Na Alemanha, por exemplo, o modelo adotado guarda pouca ou nenhuma semelhança com o brasileiro: a maioria dos clubes é de empresas privadas, embora alguns mantenham representantes dos torcedores e da comunidade nos conselhos de administração. No Brasil, as principais agremiações são entidades privadas de caráter associativo, sem fins lucrativos. Outra diferença marcante é o papel do Estado: como aqui, lá não há intervenção direta, mas cabe a uma entidade ligada ao governo, a Associação Alemã de Futebol (DFB), analisar e aprovar trimestralmente as contas dos clubes, além de impor limites aos gastos com a contratação de jogadores. A DFB também investe em formação de novos atletas: atualmente cerca de 25 mil jovens são treinados em centros da entidade.
Na Espanha, campeã da Copa de 2010, a maioria dos clubes estão organizados como empresas privadas, mas os três dos maiores times do país permaneçam como associações. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, embora os clubes também sejam empresas, o modelo tende a privilegiar o papel das ligas, que, além de organizar os torneios, são responsáveis pela divisão dos lucros obtidos com a venda dos direitos de transmissão.
Benefícios
Outra peculiaridade que esquenta a discussão sobre política e esporte diz respeito ao repasse de dinheiro público para os clubes como forma de ajudar a pagar dívidas com o próprio Estado, especialmente tributárias. À parte da atividade comercial (venda dos direitos de transmissão dos jogos e marketing), as agremiações recebem verbas públicas por meio de jogos de azar, como a Timemania, e por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, na qual o Ministério do Esporte intermedia isenções fiscais para empresas que patrocinem clubes.
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