Jornal Correio Braziliense

Politica

Especialistas avaliam que campanha eleitoral será agressiva na internet

Luta de PSDB pela "sobrevivência" pode acirrar os ânimos no ambiente online, avalia professor da UnB

Especialistas avaliam que a corrida presidencial de 2014 será a mais agressiva entre as últimas campanhas. Para eles, no entanto, a televisão permanecerá reservada para uma discussão mais programática e para críticas a gestões. Já a internet será o território livre aos ataques pessoais. Professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Calmon diz que, embora a importância da web esteja aumentando a cada eleição, a tevê continua sendo o carro-chefe das campanhas dos candidatos à Presidência da República.

Para Calmon, a diferença de tempo de tevê entre Dilma, Aécio e Eduardo pode influenciar diretamente no percentual de votos. ;Há três candidatos extremamente competitivos no que tange à capacidade de montar estratégias adequadas para comunicar suas ideias e propostas ao eleitor. Se os três estão empatados no nível qualidade de estratégia, é óbvio que ter mais tempo é ter mais potencial de influenciar os eleitores.;

Calmon explica que, no momento da montagem do programa, o grande desafio é propor algo que vá ao encontro do que o eleitor quer, mas que também seja crível. ;A primeira grande pergunta é quais são os temas mais importantes para o eleitor? O que pensa o eleitor sobre cada um desses temas? Qual a posição predominante? Com esses dados em mãos, o desafio é você propor coisas importantes para o eleitor e factível. Se você falar ;vou acabar com toda violência no Brasil;, ninguém vai acreditar;, explica.

O professor da UnB diz que ataques pessoais têm sido pouco eficazes nas últimas eleições. Mas pondera que a próxima eleição pode ser mais agressiva. Na avaliação dele, o que causa o aumento da tensão é a ;luta do PSDB pela sobrevivência;. ;Se o PSDB sair derrotado, cairá para um dos menores partidos. Surgiu uma terceira força importante (PSB e Rede) e causou uma fragmentação grande. Corre o risco de o PSDB seguir a mesma trajetória do Democratas.;

Tática
O professor Rodrigo Mendes, da pós-graduação da UFMG, também avalia que a campanha deve ser mais agressiva. Para ele, ataques pessoais e mais agressivos devem pertencer mais à internet. ;Não é uma eleição plebiscitaria. Vai ser polarizada, o que pode levar a uma tática mais agressiva. A tevê ainda é vista como um espaço mais nobre e, por isso, a internet deve ser mais o espaço desses ataques. É uma rede muito poderosa tanto para construir quanto para desconstruir imagem;, diz.

Para Mendes, outro papel da internet vai ser ;repercutir e aumentar poder de televisão;. ; Na televisão, há um monólogo. A rede social é o lugar da interação, em que o que foi apresentado na tevê pode ser ampliado. Fica tão claro o aumento da importância dada a internet pelas grandes estruturas que as campanhas estão montando para a área.;

;Se os três (candidatos) estão empatados no nível qualidade de estratégia, é óbvio que ter mais tempo é ter mais potencial de influenciar os eleitores;
Paulo Calmon, cientista político