postado em 29/07/2014 15:09
Os três militares que foram convocados para prestar depoimento na manhã de hoje (29/07) na Comissão Nacional da Verdade evitaram responder às perguntas feitas por membros do colegiado e pediram a retirada dos profissionais da imprensa da sala. A conduta do general reformado Nilton de Albuquerque Cerqueira e dos capitães Jacy e Jurandyr Ochsendorf foi orientada pelo advogado Rodrigo Roca, que os defende. O advogado argumenta que não é questão de não colaborar, mas de evitar erros históricos e que eles se tornem verdade.Roca criticou a foto do acidente em que a estilista Zuzu Angel morreu, na qual aparece o coronel Freddie Perdigão. De acordo com ele, a comissão foi induzida a um erro histórico. "Com esse engano, causou-se um transtorno muito grande, acredito eu, para os parentes e para os companheiros de farda do coronel Perdigão. Quem declarou isso a Vossa Excelência, ou se enganou, ou te enganou, o que é pior ainda", disse Roca ao coordenador da CNV, Pedro Dallari.
A justificativa de Roca, entretanto, foi questionada por Dallari. No entendimento do coordenador da CNV, o ideal seria que os militares colaborassem para corrigir eventuais erros. "A declaração de que o convidado não vai se manifestar não ajuda na investigação. (...) Não podemos aceitar que haja contestação das informações por quem se nega a prestar depoimento, porque aí seria uma inversão da própria lógica do processo de investigação", alega. Dallari acrescentou ainda que a foto foi entregue por uma testemunha de grande credibilidade.
O general Nilton Cerqueira comandava a Polícia Militar do Rio de Janeiro na época do atentado do Riocentro, em 1981. Já os irmãos Jacy e Jurandyr são apontados como responsáveis por acobertar a tortura e morte do deputado Rubens Paiva, com a história de que o ex-deputado teria fugido após ter sido resgatado por guerrilheiros. Nesta semana, mais de 20 militares foram convocados a depor na comissão sobre temas como a bomba no Riocentro, a morte de Paiva e a Casa da Morte de Petrópolis.
Nesta tarde, estão previstos depoimentos de Mauro Magalhães, sobre a Casa da Morte de Petrópolis, de Nelson da Silva Machado Guimarães, ex-juiz da 2; auditoria da Justiça Militar Federal de São Paulo e ex-ministro do Superior Tribunal Militar, sobre o que sabe a respeito de graves violações de direitos humanos. Ailton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, prestará depoimentos sobre violações de direitos humanos no Doi-Codi do Rio de Janeiro e 1; Cia da Polícia do Exército da Vila Militar, e Riscala Corbage, também foi convidado a falar sobre sua atuação no Doi-Codi do Rio de Janeiro.
(Com informações da Agência Brasil)