postado em 15/08/2014 10:48

Quatro meses após o casamento, a inacreditável perda. Há apenas 10 dias, a jornalista Cecília Ramos havia pedido licença do Diario de Pernambuco, onde trabalhava, e se mudado para São Paulo a fim de se dedicar à campanha presidencial de Eduardo Campos, na esperança de ficar mais próxima de seu marido, o assessor de imprensa Carlos Percol. Por volta das 15h30 desta quinta-feira, a jovem viúva chegou à residência da família de Eduardo Campos, talvez o local mais procurado do Recife nas últimas 24 horas. Acompanhada da cunhada, Ana Braga, Cecília aceitou conversar com a imprensa, que está acampada na porta da casa, cuja entrada está restrita a familiares e amigos próximos.
Alternando momentos de choro e serenidade, Cecília falou sobre o marido, que sempre acompanhava o candidato em viagens. ;Ele estava no melhor momento da vida dele. Não me importava de perder o Percol para o Eduardo, pois ele amava seu trabalho e morreu fazendo o que gostava;, disse a jornalista, bastante emocionada. Na última conversa entre os recém-casados, na madrugada anterior ao acidente, Percol revelou estar muito contente com a jornada eleitoral e jamais se queixou de cansaço, ;como se eles não fossem humanos, como se a missão fosse essa mesmo;, detalhou.
Explicação lógica para tamanha tragédia pode não existir e a tristeza pode demorar a passar, mas Cecília encontra conforto na certeza de que o que permanecerá serão as boas lembranças. ;Eu só queria que ele soubesse que ele foi a melhor coisa do mundo. Transformava o que era difícil e ruim em lição, aprendizado;, concluiu docemente.

Enquanto os peritos do Instituto Médico-Legal (IML) concluem a identificação das vítimas, a família do piloto mineiro Geraldo Magela Barbosa da Cunha vive a expectativa pelo enterro. Magelinha, como era chamado, tinha 45 anos e trabalhava há três meses na campanha de Eduardo Campos. ;Não temos ideia ainda de quando (o corpo) será liberado. Não adianta ficar ansiosa. Tem que agarrar em Deus;, afirma Odete da Cunha, mãe do profissional. Ele deixa a mulher, Joseline Vieira Amaral da Cunha, 32, grávida de sete meses, e o filho João, de 3. Joseline, que estava nos Estados Unidos, desembarca hoje em Belo Horizonte para ajudar na liberação dos restos mortais.
No apartamento do piloto em Santa Luzia, a emprega doméstica da família, ainda chocada, prefere o silêncio. O zelador do prédio, Antônio Dário Alves, conta que Magelinha era muito cordial, sempre sorridente e conversador. ;Há algum tempo, ele me contou que estava carregando um presidente;, lembra. O carro do piloto está parado na garagem. Dentro do automóvel, um avião de brinquedo do filho, que agora virou triste lembrança do pai.

; Advogado e eleito deputado federal três vezes por Sergipe, Pedrinho Valadares era casado com a promotora de Justiça do Maranhão Simone Valadares e tinha três filhos. Filiado ao PV, era um dos coordenadores da campanha de Campos no Nordeste e considerado um dos homens de confiança do ex-governador de Pernambuco.

; Fotógrafo e cinegrafista profissional desde 2000, Lyra morava no Recife, era casado e tinha dois filhos, entre eles, um recém-nascido. Fundador da agência Olhonu, registrou desde cenas do sertão pernambucano e ensaios de moda até propagandas de televisão. Nascido em Olinda, seu hobby era andar de skate.

; O piloto era natural de Castelo Branco (PR) e vivia em São Paulo. Exercia a profissão há 15 anos. Cresceu em Maringá, onde começou a carreira após ingressar no aeroclube de Londrina. A trajetória profissional o levou a pilotar voos internacionais para os EUA e a África. Era casado com Flávia Vargas Martins, 32, e deixou dois filhos.