postado em 05/09/2014 12:22
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros trabalhadores metalúrgicos sindicalistas teriam sido espionados pela montadora Volkswagen no Brasil, a pedido de agentes da Ditadura Militar, na década de 1980. As informações foram publicadas na manhã desta sexta-feira (5/9), pela agência de notícias Reuters.Uma série de documentos recém-descoberta comprovaria que a empresa repassou, de forma secreta, as informações para os serviços de inteligência do governo militar, sem ter a autorização prévia dos empregados.
Os documentos, encontrados no mês passado, estão em posse da Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a agência. Lula, na época um dirigente sindical, era um dos alvos da montadora. Informações sobre contas de empregados e informações das reuniões sindicais na Grande São Paulo ; planos dos trabalhadores para greves, demandas por melhores salários e condições de trabalho ; foram os principais conteúdos da espionagem.
Há indícios de que outras montadoras também teriam contribuído com informações para a Ditadura Militar. A Volkswagen teria relatado conteúdos de folhetos distribuídos nas portas de suas fábricas e até os nomes de quem fazia a panfletagem. Um relato curioso descrevia até que ;vários trabalhadores foram pegos fumando maconha."
Em posse da documentação, segundo a reportagem, a polícia conseguia monitorar, perseguir e deter os sindicalistas. O objetivo principal era coibir as greves e paralisações.
Outro lado
Em nota, a Volkswagen do Brasil informa que vai investigar qualquer indicação de participação de funcionários no fornecimento de informações ao regime militar no país. Ressaltou que a montadora é reconhecida como um modelo por tratar a história corporativa de forma séria. ;A empresa irá lidar com este assunto da mesma forma. A Comissão Nacional da Verdade não contatou ainda a Volkswagen sobre esse assunto;, explicou. A Comissão da Verdade afirmou, em nota, que "este e outros assuntos serão abordados segunda-feira numa entrevista coletiva com Rosa Cardoso, da CNV, em São Paulo".