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Volkswagen teria espionado Lula e outros metalúrgicos na década de 1980

Documentos, em posse da Comissão da Verdade, eram entregues ao governo militar, que buscava coibir greves e paralisações de trabalhadores

postado em 05/09/2014 12:22
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros trabalhadores metalúrgicos sindicalistas teriam sido espionados pela montadora Volkswagen no Brasil, a pedido de agentes da Ditadura Militar, na década de 1980. As informações foram publicadas na manhã desta sexta-feira (5/9), pela agência de notícias Reuters.

O então presidente Lula passeia em carro da Volkswagen nesta foto de 2003: documentos eram espionados a pedido de agentes da Ditadura Militar

Uma série de documentos recém-descoberta comprovaria que a empresa repassou, de forma secreta, as informações para os serviços de inteligência do governo militar, sem ter a autorização prévia dos empregados.

Os documentos, encontrados no mês passado, estão em posse da Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a agência. Lula, na época um dirigente sindical, era um dos alvos da montadora. Informações sobre contas de empregados e informações das reuniões sindicais na Grande São Paulo ; planos dos trabalhadores para greves, demandas por melhores salários e condições de trabalho ; foram os principais conteúdos da espionagem.



Há indícios de que outras montadoras também teriam contribuído com informações para a Ditadura Militar. A Volkswagen teria relatado conteúdos de folhetos distribuídos nas portas de suas fábricas e até os nomes de quem fazia a panfletagem. Um relato curioso descrevia até que ;vários trabalhadores foram pegos fumando maconha."

Em posse da documentação, segundo a reportagem, a polícia conseguia monitorar, perseguir e deter os sindicalistas. O objetivo principal era coibir as greves e paralisações.

Outro lado

Em nota, a Volkswagen do Brasil informa que vai investigar qualquer indicação de participação de funcionários no fornecimento de informações ao regime militar no país. Ressaltou que a montadora é reconhecida como um modelo por tratar a história corporativa de forma séria. ;A empresa irá lidar com este assunto da mesma forma. A Comissão Nacional da Verdade não contatou ainda a Volkswagen sobre esse assunto;, explicou. A Comissão da Verdade afirmou, em nota, que "este e outros assuntos serão abordados segunda-feira numa entrevista coletiva com Rosa Cardoso, da CNV, em São Paulo".

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