Politica

Coronel Belham se recusa a falar sobre desaparecimento de Rubens Paiva

O chefe do DOI-Codi no Rio de Janeiro na época do desaparecimento do ex-deputado e Rubens Paiva não respondeu aos questionamentos. Um soldado que atuou na Guerrilha do Araguaia também foi ouvido

postado em 09/09/2014 15:50

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ouve nesta terça-feira (9/9) o depoimento de ex-militares que atuaram durante a Ditadura Militar. Pela manhã, o chefe do DOI-Codi do Rio de Janeiro à época da morte do ex-deputado Rubens Paiva, José Antônio Nogueira Belham, e o soldado Carlos Orlando Fonseca, que atuou na Guerrilha do Araguaia, em 1972, foram ouvidos como testemunhas.

[SAIBAMAIS]

Belham recorreu ao direito de não se pronunciar diante da maioria das perguntas feitas pelos membros da comissão sobre o que foi feito com Rubens Paiva. O ex-general se limitou a responder a apenas um dos questionamentos. Ele falou sobre uma inconstância verificada pela CNV em documentos de alteração fornecidos pelas Forças Armadas, que mostram que o então general recebeu diárias em dias alguns dias do mês de janeiro de 1971, quando Rubens Paiva foi morto, embora constasse também que ele estava de férias no período. Sobre a questão, Belham voltou a dizer que não sabe explicar o motivo da discrepância.

A CNV também o questionou a respeito de outro documento no qual consta a lista de pertences do ex-deputado recolhidos pelo Exército e onde há uma anotação dizendo que dois cadernos de Paiva haviam sido entreguem ao militar. Apesar de não ter respondido às perguntas, o coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que os documentos atestam que o militar esteve presente no momento que o ex-deputado Rubens Paiva foi preso e poderia explicar o que aconteceu com o corpo do parlamentar. "Salvo a apresentação de documentos consistentes, temos convicção de que ele (Belham) estaria no DOI-Codi quando Rubens Paiva foi torturado", disse Dalari.



Outro ex-militar ouvido pela CNV, Orlando Fonseca falou sobre o que aconteceu em setembro de 1972 com o corpo de Helenira Rezende, conhecida como Fátima, guerrilheira morta por militares no Araguaia. Orlando afirmou que, apesar de ter combatido, era soldado de recruta à época da guerrilha e não tinha acesso a muitas informações. Ainda assim apresentou à CNV uma versão sobre a morte de Helenira. De acordo com uma versão conhecida, ela havia sido sequestrada e mantida em uma casa por três dias enquanto era torturada por militares, após um embate na floresta. Orlando afirmou que a versão conhecida por ele é a de que Helenira não foi torturada, mas morta após trocar tiros com militares na floresta, em uma região conhecida como Alvo. Ela então teria sido levada a uma casa até ser levada ao local onde teria sido enterrada.

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