Após seis meses de silêncio, o doleiro Alberto Youssef, preso desde março, decidiu colaborar com as investigações da Operação Lava-Jato, delatando à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca R$ 10 bilhões. A defesa de Youssef contou ao Correio que o cliente cedeu à pressão da família e negocia o acordo de delação premiada com a Justiça.
Youssef pode ser o quarto envolvido no esquema a fornecer informações à Justiça. Na semana passada, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa foi solto após colaborar com as investigações. Acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, ele estava preso desde março. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também detalhou o que sabe aos investigadores.
Quarto preso a passar informações que podem ajudar a montar o quebra-cabeça da Lava-Jato, o operador de câmbio Luccas Pace acusou quatro bancos de serem ;coniventes; com as fraudes comandadas pela doleira Nelma Kodama. ;O banco é conivente na movimentação financeira porque, se a mesma empresa, que não tem sede, que não tem radar, que não tem funcionários, movimenta no dia um valor (cerca de R$ 300 mil) que, na verdade, ela não teria condições de movimentar no mês, o banco também sabe o que está acontecendo;, afirmou, em um suposto acordo de delação premiada.
Na lista de Pace, constam Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander. Em dois episódios diferentes relatados em 16 de setembro por Pace, que é ex-bancário, ele citou a participação do gerente do Banco do Brasil Rinaldo Gonçalves de Carvalho. Ontem, a instituição informou que demitiu o funcionário por justa causa. ;O Banco do Brasil afirma que cumpre integralmente a legislação em vigor e adota controles rigorosos de prevenção e combate à lavagem de dinheiro. Repudiamos qualquer insinuação de conivência com os delitos investigados e informamos que o funcionário citado foi demitido por justa causa;, dizia a nota.
A instituição informou ainda que ;apurações internas sobre sua conduta foram repassadas às autoridades responsáveis pela investigação;. Já os bancos Itaú, Bradesco e Santander alegaram, por meio de notas, que não comentam investigações em curso. ;O Santander informa que não se manifesta em casos que estão sob o exame da Justiça. O banco esclarece que cumpre rigorosamente as normas locais e internacionais de Compliance estabelecidas e avaliadas, periodicamente, pelos reguladores.;
Land Rover A fim de incrementar a eficiência do trabalho policial, o juiz Sérgio Fernando Moro autorizou que a Polícia Federal use os quatro carros de luxo apreendidos durante a Operação Lava-Jato. A partir de agora, os policiais federais vão utilizar a Land Rover do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o Volvo e o VW Tiguan do doleiro Alberto Youssef, e a Toyota Hilux de André Luís Paula dos Santos.
;Não é tolerável que bens apreendidos ou sequestrados sejam expostos à deterioração ; perdendo o valor para a acusação, no caso de posterior decretação do perdimento ;, ou mesmo para os acusados, no caso de posterior devolução;, afirmou Moro.