Naira Trindade
postado em 08/10/2014 07:30
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, um dos líderes da organização criminosa que movimentou R$ 10 bilhões, Meire Poza, disse que, se questionada em depoimento hoje na CPI Mista da Petrobras, vai mencionar nomes de políticos envolvidos no esquema fraudulento. Ela declarou ontem ao Correio que não tem o que esconder. ;Nada é sigiloso mais. É tudo público. Vou responder o que me perguntarem;, afirmou. Os oposicionistas esperam que Meire ofereça novas munições para serem utilizadas na campanha eleitoral contra a presidente Dilma Rousseff (PT).[SAIBAMAIS]Um dos principais alvos deve ser o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Poza já detalhou para a Polícia Federal, segundo denúncia da revista Veja, as negociações entre Youssef, Calheiros e o deputado André Vargas (sem partido-SP) para obtenção de apoio político. O esquema delatado envolvia negócios com os fundos de pensão dos Correios e da Caixa Econômica Federal. Youssef queria que os fundos das estatais aplicassem R$ 50 milhões em uma de suas empresas e, segundo Meire, tratou pessoalmente com Renan sobre o aval do PMDB para a negociação.
Na semana passada, ela voltou à Polícia Federal. No entanto, afirmou que não prestou novo depoimento. ;Fui buscar alguns documentos apreendidos que eles não usaram na investigação. Havia documentos do escritório. Fiz a checagem desses documentos;, declarou. Meire era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que nunca foram prestados e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro.
Em depoimento prestado na Justiça Federal do Paraná, Meire afirmou que via com frequência malas de dinheiro deixando o escritório do chefe Youssef. Disse desconfiar de que as quantias eram ;caixinha; para ser distribuída aos envolvidos no esquema de corrupção.