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Doleiro diz que Lula foi pressionado a indicar Paulo Roberto Costa

Segundo Youssef, %u201Cagentes políticos%u201D trancaram a pauta no Congresso para forçar a nomeação, feita pelo líder do PP à época, José Janene

postado em 09/10/2014 21:54
Em depoimento à Justiça Federal no Paraná, o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato por integrar esquema de lavagem de dinheiro, informou que, em 2004, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pressionado por partidos aliados a aceitar a indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Segundo Youssef, ;agentes políticos; trancaram a pauta no Congresso para forçar a nomeação, feita pelo líder do PP à época, José Janene, que morreu em 2008.

[SAIBAMAIS]"Tenho conhecimento de que, para Paulo Roberto Costa assumir a Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época, o presidente era Luiz Inácio Lula da Silva. Ele ficou louco. Teve de ceder e realmente empossou o Paulo Roberto Costa na diretoria;, disse Youssef, em depoimento ontem (8), como parte das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Quando há o trancamento da pauta no Congresso, nenhuma matéria pode ser votada pelos parlamentares. Procurada, a assessoria de Imprensa do Instituto Lula não foi encontrada para comentar o depoimento de Alberto Youssef.

Deflagrada no dia 17 de março, a operação da PF descobriu esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos, que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. O esquema, segundo a PF, era comandado pelo doleiro, que está preso no Paraná e aceitou assinar acordo de delação em troca de redução da pena.

No entanto, o depoimento de ontem, ao juiz Sérgio Moro, da 13; Vara da Justiça Federal de Curitiba e responsável pelo caso, não está relacionado ao acordo delação. Paulo Roberto Costa também prestou depoimento em Curitiba nessa quarta. Alberto Youssef usou as expressões agentes políticos e agentes públicos em referência a outros envolvidos na investigação sobre desvios de dinheiro de contratos da Petrobras. Os termos foram usados por recomendação do juiz Sérgio Moro para manter o sigilo dos nomes de outros envolvidos. Como têm foro privilegiado, os nomes desses agentes políticos devem ser revelados posteriormente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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O doleiro destacou que era apenas uma ;engrenagem; na operação e que outras pessoas estavam acima dele e de Paulo Roberto Costa. ;Não sou mentor ou chefe da organização criminosa. Tinha gente mais elevada, inclusive acima do Paulo Roberto Costa, no caso agentes públicos".

Perguntado se em outras diretorias havia operação semelhante à que ocorria na Diretoria de Abastecimento, Youssef respondeu: ;Não operei em outra diretoria, mas sei que existiam os mesmos moldes. Sei por conta dos próprios empreiteiros, os próprios operadores;. O juiz perguntou novamente se os empreiteiros afirmavam que havia esquemas semelhantes em outras áreas e o doleiro confirmou. ;Sim. Em todas as áreas, tanto na Internacional quanto na de Serviço;.

Youssef também detalhou o repasse do dinheiro pago por empresas vencedoras de licitações da Petrobras. Segundo ele, elas combinavam quem ganharia a licitação, e a vencedora pagava 1% do valor total da obra contratada. Segundo o doleiro, ele, Costa e os agentes políticos, cujos nomes não revelou, recebiam esse percentual a título de comissão.

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