postado em 03/11/2014 07:54
Derrotada em 2010 nas unidades da Federação com maior produção agropecuária do país, Dilma Rousseff (PT) investiu mais de R$ 500 bilhões, entre 2011 e 2014, nos Planos Agrícola e Pecuário, de incentivo ao setor. Neste ano, de eleições, o investimento foi recorde: R$ 156,1 bilhões. O recurso, no entanto, não foi o bastante para que a petista angariasse maior simpatia entre os brasileiros que vivem do campo. Aécio Neves (PSDB) bateu a petista em todos os estados do Sul e do Centro-Oeste, responsáveis pela maior parte da produção brasileira de soja, milho, trigo, cana, algodão, arroz e feijão. Das principais culturas, o PT só venceu em Minas Gerais, líder da produção de café. A convocação de ministros pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, na primeira oportunidade após as eleições, é um dos indicativos da insatisfação do setor com o Palácio do Planalto.
Em Mato Grosso, por exemplo, Aécio conseguiu 54,69% dos votos. O estado é líder no cultivo de algodão (com 56,2% da produção nacional), soja (31,4%), milho (21,6%), e, ainda, dono do maior rebanho bovino do país (17% dos animais abatidos em 2013). Em Goiás, que frequenta as primeiras posições nos rankings de grãos e de cana de açúcar, o tucano conseguiu a melhor votação no Centro-Oeste, com 57,11%. Vale lembrar que, além do fator agropecuário, o índice obtido entre os goianos é explicado pelo sucesso da candidatura do tucano Marconi Perillo, reeleito para o governo. Na Região Sul, que deve liderar a produção leiteira a partir de 2015, a petista só obteve 46,47% dos votos no Rio Grande do Sul, apesar da força histórica do PT no estado. Em Santa Catarina e no Paraná, Aécio ultrapassou os 60% de preferência do eleitorado.
;Este ano, trabalhamos com as propostas do Aécio. Entendemos que eram melhores do que as de Dilma;, explica Luis Carlos Heinze (PP-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Questionado sobre o igual sucesso do PSDB nos estados produtores desde 2006, com Geraldo Alckmin, ante os pesados investimentos dos governos petistas no setor, o deputado federal explica que os bons olhos do campo sobre o PSDB não são de hoje. ;Com FHC, pavimentamos o Brasil para a arrancada da produção agropecuária. O pessoal não se esquece daquele início;, justifica, lembrando que a safra colhida no primeiro ano do governo Lula, que cresceu 10%, foi plantada ainda durante a gestão tucana.
Ele ressalta que, em valores atualizados, o governo federal investiu R$ 174 bilhões no setor. ;A produção era lá embaixo e tinha muito mais financiamento, o volume de crédito era 10 vezes maior, proporcionalmente.; Outro fator de descontentamento com o governo federal está ligado à indefinição do Executivo quanto a questões diretamente ligadas ao campo. ;A ideologia do seu Gilberto Carvalho, deitando e rolando em cima da questão indígena, dos quilombolas, o MST desmerecendo os produtores... Pega essa ala radical do PT ainda falando em modelo agroexporta dor, contra defensivo agrícola, enquanto o setor leva o país nas costas;, lamenta. Em 2013, a agropecuária representou 4,85% do PIB brasileiro.
Cinturão tucano
Votação de Aécio no segundo turno e destaque da produção agrícola
Mato Grosso
54,69% ; soja, algodão, milho e gado de corte
Mato Grosso do Sul
56,33% ; soja, milho e gado de corte
Goiás
57,11% ; cana-de-açúcar e milho
Rio Grande do Sul
53,53% ; arroz, trigo, leite
Paraná
60,98% ;feijão, trigo, milho e leite
Santa Catarina
64,59% ; leite
São Paulo
64,3% ; cana de açúcar
Espírito Santo
53,85% ; café