postado em 06/11/2014 22:27
Governistas e oposicionistas negaram hoje (6/11) que tenham entrado em acordo ontem (5) sobre quem seriam os convocados para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. Embora houvesse uma chamada pauta-bomba na comissão, com requerimentos de convocação de tesoureiros e membros de partidos políticos, os parlamentares acabaram apreciando apenas requerimentos para convocação de empresários e pessoas menos conhecidas, apontados pela Polícia Federal no esquema de corrupção da Operação Lava Jato.Ontem, o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), chegou a declarar, após reunião a portas fechadas com os líderes partidários, que eles tinham feito um acordo para não chamar ;políticos; para depor, em razão do pouco tempo que resta para a CPMI. Hoje, os partidos de oposição divulgaram nota negando tal acordo.
Os líderes dos partidos de oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS) "rechaçam veementemente o suposto acordo anunciado ontem pelo relator da CMPI da Petrobrás", deputado Marco Maia. Do mesmo modo, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) classifica como ;vergonhosa; a citação de seu nome como partícipe de um acordo para proteger quem quer que seja, e nega qualquer articulação para beneficiar agentes políticos, de acordo com nota assinada pelos líderes dos quatro partidos.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também divulgou nota negando que seu partido tenha feito acordo para evitar que a CPMI investigue determinadas pessoas. ;O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras. Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado ;Petrolão; e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Esta é a posição inarredável do PSDB;, diz a nota.
Procurado, o relator da CPMI procurou esclarecer o que disse ontem e negou que tenha havido acordo para evitar a investigação sobre políticos de oposição ou governo. Segundo ele, o que houve foi um acordo de ;procedimento sobre o funcionamento da CPMI até o final;. A comissão deverá entregar e votar o relatório final até 18 de dezembro.
;O que nós acordamos era aquilo que era possível ser realizado de oitivas até o final da CPMI. Não há, em absoluto, nenhum entendimento, nenhum acordo em relação à votação do relatório, nem para inocentar alguém, nem para deixar de investigar aquele político, aquele partido, o que quer que seja;, disse Maia.
Ele admitiu, no entanto, que os líderes optaram por deixar para a próxima semana a apreciação dos requerimentos que tratam da convocação do empresário Leonardo Meireles, do diretor Renato Duque e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, porque esses eram ;nomes polêmicos;. Além disso, Marco Maia reiterou que houve opção pela não convocação de políticos citados na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
;Alguém me perguntou se políticos seriam chamados, e eu disse que não, porque não há prazo e porque políticos foram citados em delação premiada. Enquanto nós não tivermos acesso à delação premiada, nós não podemos saber como essas pessoas foram citadas, do que elas são efetivamente acusadas;, disse Maia.
Os membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima terça-feira (11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou para quebras de sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como pagadoras de propinas a partidos políticos, por meio de contratos com a companhia.