Politica

Derrota eleitoral favorece parlamentares com processos na Justiça

Trinta e quatro parlamentares que perderam a disputa pela reeleição respondem a pelo menos 62 ações no STF e serão beneficiados ao ficar sem direito a foro privilegiado. Ao serem remetidos à primeira instância, os processos empacam nos tribunais

Eduardo Militão
postado em 10/11/2014 07:37
Dos 114 deputados derrotados na tentativa de se reeleger, 28% vão voltar para os respectivos estados levando na bagagem pelo menos 55 inquéritos e ações penais. Os processos desses 32 políticos estão no Supremo Tribunal Federal (STF), mas, como eles perderam o foro privilegiado na Corte, as ações serão remetidas, em fevereiro, para juízes de primeira instância. O mesmo ocorrerá com os sete inquéritos a que respondem os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Jayme Campos (DEM-MT), que não conseguiram se reeleger, ou seja, 34 congressistas vão ;levar na mala; ao menos 62 processos criminais, de acordo com levantamento do Correio.

Deputados no plenário da Câmara: até o ano passado, praticamente 40% dos parlamentares do Congresso respondiam a alguma ação no STF



Analistas ouvidos pela reportagem entendem que as mudanças de instância aumentam o risco de impunidade por atrasarem o andamento das ações. Isso pode levar à prescrição, prazo máximo para se julgar um crime desde a ocorrência dele. Para alguns, enviar os processos à primeira instância deixa os casos nas mãos de juízes, especialmente os estaduais, mais expostos às pressões das elites regionais. Mas ser julgado por um magistrado de Corte superior em Brasília não é garantia de independência, avalia uma fonte do Ministério Público. Um delegado da Polícia Federal especialista em lavagem de dinheiro entende que, em muitos casos, os juízes federais fazem análises mais técnicas do que os ministros do STF, que não são especialistas em direito penal e em crimes financeiros. Porém, os políticos ganham chance de recorrer várias vezes, prerrogativa que o foro privilegiado não permite. ;No Supremo, chegou lá, acabou;, explicou o ex-governador Jayme Campos, favorável a ser julgado em seu estado.

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