Politica

Propinas eram cobradas sobre aditivos, diz delator da Lava-Jato

Executivo narra que ex-deputado do PP fazia intimidações e ameaças para receber o dinheiro de subornos

Eduardo Militão
postado em 04/12/2014 19:00
Os aditivos a contratos de empreiteiras com a Petrobras geravam pagamentos de subornos à parte, segundo o executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça Neto %u2013 que disse ter negociado até R$ 60 milhões em propinas ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Ele afirmou à Polícia Federal em delação premiada que a maioria dos aumentos de preços eram motivados pela própria estatal, com mudanças de projetos e atrasos por parte da petroleira. [SAIBAMAIS] O executivo afirmou que a Petrobras era culpada pelos aditivos contratuais em suas obras, principalmente modificações de projeto durante a construção de empreendimentos que levava de três a cinco anos. Essas mudanças acabavam %u201Cinterferindo negativamente no andamento da obra, gerando assim a necessidade de aditivos%u201D. Ele afirma que, entre as %u201Cinterferências%u201D supostamente negativas feitas pela Petrobras, havia %u201Cmudanças de projeto%u201D, %u201Cfalta informações técnicas%u201D e %u201Catraso na entrega de equipamentos quer eram da responsabilidade da Petrobrás%u201D. Segundo Mendonça, todas as discussões da empresas por aditivos tinham fundamento, mas a estatal nunca "queria pagar a conta inteira%u201D. Os riscos, disse Mendonça, ficavam para o contratado porque o valor a ser acertado só era conhecido ao fim da obra. Com esse clima, afirma Mendonça, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o ex-deputado José Janene e o doleiro Alberto Youssef aproveitaram para exigir propinas e %u201Catrapalhar menos%u201D. Ele disse que, sobre o valor dos aditivos, havia pagamento de subornos tanto a Paulo Roberto quanto ao ex-diretor de Engenharia Renato Duque. Segundo Mendonça, as propinas eram relevantes para as fornecedoras da Petrobras e por isso eram %u201Cduramente discutidas%u201D. Segundo o executivo, as empreiteiras lucravam de 5% a 10% do valor bruto do contrato. Ou seja, dependendo da margem, os subornos significavam perda de metade da lucratividade, de acordo com depoimento prestado em 29 de outubro ao delegado Felipe Hayashi, em um dos inquéritos da Operação Lava-Jato. A Petrobras não retornou os contatos do Correio até a publicação da reportagem.

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