Politica

Ministro da CGU diz que não continua no próximo mandato de Dilma Rousseff

Ministro afirma que, após 12 anos atuando no órgão de fiscalização, está na hora de "descansar"

postado em 08/12/2014 13:17
Ministro afirma que, após 12 anos atuando no órgão de fiscalização, está na hora de Responsável pelo combate à corrupção na administração federal, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, informou nesta segunda-feira (8/12) que já entregou à presidente Dilma Rousseff carta na qual pede demissão do cargo. Em cerimônia organizada pela CGU em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), Hage confirmou que o documento foi apresentado à chefe do Executivo no início de novembro. Durante o evento, ele defendeu novos mecanismos de controle da corrupção para as empresas estatais.

Na abertura de evento do Dia Internacional Contra a Corrupção, promovido pela CGU, Hage fez discurso de quem pretende deixar o posto. Ele fez um balanço do período em que esteve à frente do órgão, exaltando conquistas no combate à corrupção, e ainda fez críticas ao baixo orçamento da CGU. ;Apresentei à presidenta Dilma Rousseff minha carta pedindo que ela me dispense do próximo mandato. A minha pretensão é não ter minha nomeação renovada. Estou pedindo demissão. Já estou há 12 anos nesta tarefa, já cumpri com o meu dever, dei a minha contribuição. São 12 anos [na CGU], nove como ministro, está na hora de descansar;, argumentou Hage.

Segundo Hage, desde 2004, a atuação do órgão de controle reduziu a cultura da impunidade no Brasil e levou à exclusão de mais de 5 mil funcionários públicos dos quadros da administração federal, além de tornar mais de 4,3 mil empresas inidôneas. ;Para nós, que acreditamos ser a transparência o melhor antídoto contra a corrupção, esses números são muito animadores;, frisou.



O ministro considerou ainda que o Brasil precisa ampliar, complementar e elevar os recursos no sistema de controle e prevenção da corrupção e encontrar uma forma de incluir nos mecanismos de controle externo as empresas estatais de economia mista, como a Petrobras. Hage ressaltou a necessidade de uma reforma política, ;para reduzir o espectro partidário a um número razoável de partidos;, além de uma reforma do processo judicial.

;Estas [estatais de economia mista] situam-se praticamente fora do alcance do sistema, a não ser pela via das auditorias anuais de contas, procedimento basicamente formal-burocrático, de baixa efetividade para fins de controle. Fora daí, têm-se apenas, da parte do órgão central, a possibilidade de auditorias por amostragem ou decorrentes de denúncias, o que é absolutamente insuficiente, na medida em que se alcança apenas alguns contratos. O que acaba de ser descoberto na Petrobras constitui clara evidência disso;, afirmou.

Sobre a Operação Lava Jato e o esquema de corrupção na Petrobras, Hage considerou que os órgãos de investigação vêm cumprindo seu papel. ;É evidente que, quanto mais se investiga, mais se descobre. E a população mais se vê tomada pela perplexidade e pela justa indignação. Mas, se o problema existe e tem tais dimensões, essa é uma etapa inevitável que tem que ser vivida;, analisou.

Perfil

Hage assumiu a CGU em junho de 2006 ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, quando montava seu primeiro escalão, a presidente Dilma Rousseff chegou a articular a troca de Hage, quando convidou Maria Elizabeth Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar, para ocupar o lugar, mas ela recusou, alegando desinteresse em deixar o tribunal. Chefe do órgão responsável por ações de combate à corrupção no país, Hage deixa o posto na mesma semana em que se comemora o dia internacional contra a corrupção, em 9 de dezembro.

Com informações da Agência Brasil

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