postado em 03/02/2015 18:50
Ainda sob reflexo da disputa acirrada para a presidência do Senado, no último domingo (1;), os senadores podem ver hoje (3) a eleição da Mesa Diretora acontecer sem acordo entre os partidos políticos. Historicamente, essa eleição sempre aconteceu seguindo a regra da proporcionalidade. Ou seja: os partidos escolhem os cargos que querem ocupar pela ordem de tamanho das bancadas.Desta vez, no entanto, candidaturas avulsas estão sendo lançadas, ameaçando quebrar a tradição e impor partidos com menor número de senadores nos cargos mais altos da Mesa. Pela regra, o PMDB, por ter a maior bancada, tem direito a fazer a primeira e a terceira escolhas, tendo indicado Renan Calheiros (AL) para a presidência e Romero Jucá (RR) para a segunda vice-presidência. Os partidos de oposição, no entanto, se uniram em torno da candidatura do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputou com Renan, mesmo sem o aval do partido e perdeu por 31 a 49.
O PT, que tem a segunda maior bancada, terá direito a fazer a segunda escolha e indicará o senador Jorge Viana (AC) para a primeira vice-presidência. Dessa forma, se eventualmente Renan Calheiros se ausentar, ele assumirá o comando do Senado. O PT tem direito ainda à quinta indicação, e escolheu Ângela Portela (RR) para a segunda secretaria.
O primeiro secretário do Senado, responsável por questões mais ligadas à esfera administrativa da Casa, deverá ser o senador Paulo Bauer (SC), por indicação do PSDB, que tem a terceira maior bancada. Dentro do próprio PSDB, a senadora Lúcia Vânia (GO) quis disputar a indicação, mas foi convencida a voltar atrás e apoiar o colega.
Ainda seguindo o critério de proporcionalidade, o PDT fez a sexta escolha e indicou o senador Zezé Perrela (MG) para ocupar a terceira secretaria. Ao PSB coube fazer a última indicação, e o senador Antônio Carlos Valadares (SE) foi nomeado pelo partido para ocupar a quarta secretaria.
No entanto, alguns senadores de partidos que não tiveram espaço na Mesa ameaçam lançar candidaturas avulsas. ;Nós estamos tendo um trabalho muito grande para inibir as candidaturas, para retirá-las;, disse o presidente Renan Calheiros.
Segundo ele, ;houve uma pulverização de candidaturas para todos os cargos, estimulada pela quebra da proporcionalidade; na disputa pela presidência. Renan defendeu que o critério da proporcionalidade seja respeitado e os senadores mantenham os indicados pelos partidos nos cargos. ;O Parlamento caminha mais facilmente pelo entendimento, e para isso o único critério existente é o da proporcionalidade;, declarou.
A manutenção desse critério também foi defendida pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que falou em nome da legenda. Ele negou que o fato de a oposição ter apoiado um candidato diferente do oficial do PMDB, para a presidência, tenha estimulado outros senadores a apresentarem candidaturas avulsas para os cargos da Mesa Diretora agora.
Leia mais notícias em Política
Segundo Aécio, a oposição nunca votou em Renan, por ele ter relações ;muito estreitas; com o Palácio do Planalto. Nas eleições de 2013 o PSDB apoiou Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que apresentaram candidaturas avulsas. O tucano garante que a regra da proporcionalidade nunca foi quebrada, porque a presidência é um cargo político. ;Se existe disputa, isso é estimulado pela maioria na Casa, e isso é um desserviço. É hora de aceitarmos o resultado da votação, mesmo tendo perdido. Perdemos eleitoralmente, mas não perdemos politicamente;, declarou Aécio.
A eleição para a Mesa Diretora foi marcada, primeiramente, para as 10h de hoje. Sem acordo, foi adiada para as 16h, mas até o momento não aconteceu. Renan Calheiros se reúne no momento com os líderes partidários para negociar que a eleição ocorra em consenso.