O juiz Sérgio Moro bloqueou nesta quarta-feira (25/2) uma cobertura de R$ 7,5 milhões em Ipanema, no Rio de Janeiro, pertencente a um acusado na Operação Lava-Jato. Segundo o Ministério Público, o apartamento pertence ao ex-diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que é acusado de lavagem de dinheiro e quadrilha, mas nega a propriedade do imóvel. A cobertura está registrada em nome de uma offshore de outro réu, o advogado uruguaio Oscar Algorta. Ontem, a Procuradoria da República no Paraná divulgou ação criminal contra os dois e o lobista Fernando ;Baiano; Soares por entender que eles esconderam o dinheiro de crimes de corrupção na petroleira por meio do apartamento e de investimento na offshore Jolmey S/A.
O juiz também recebeu a denúncia por lavagem de dinheiro aberta contra Cerveró, Baiano e Algorta. O ex-diretor e Baiano, denunciados em dezembro por supostamente terem pedido US$ 40 milhões em propina ao operador Júlio Camargo para a compra de dois navios-sondas da Samsung. Na nova denúncia, divulgada ontem e assinada na sexta-feira passada, os nove procuradores dizem que houve pedidos de suborno ;também em diversos outros contratos da área internacional que ainda estão sob investigação;. Os procuradores acusam Cerveró de usar seu cargo para favorecer contratações de empreiteiras desde que elas pagassem propina. O intermediário das propinas seria Baiano.
E o MPF alega que Algorta lavou o dinheiro do suborno porque comprou para Cerveró uma cobertura de luxo no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, em nome da Jolmey.
[SAIBAMAIS]
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou que a acusação é falsa. Ele negou que seu cliente seja dono do apartamento em Ipanema. ;Essa denúncia é totalmente inepta;, disse Ribeiro ao jornal ontem. ;Não é verdade. E, se fosse, a competência não seria da Justiça do Paraná. Cerveró nega veementemente os termos da acusação.;
Ele disse que o ex-diretor de Internacional conhece Baiano, Algorta e o advogado Marcelo Mello, que prestou depoimento usado na acuasação, mas nega qualquer irregularidade. Além disso, Ribeiro afirmou que o depoimento de Mello, usado na acusação de Cerveró, foi ;deturpado;. O defensor do ex-diretor criticou as duas denúncias contra Cerveró. ;A primeira é engraçada;, disse. ;É baseada na delação de Júlio Camargo, que diz que deu dinheiro para Fernando (Baiano) e, possivelmente, para Nestor. E Fernando (Baiano) nega. Agora, eles inventam o crime de quadrilha cometido por duas pessoas.;
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O defensor de Fernando Baiano, Mário de Oliveira, não retornou aos recados da reportagem. Oscar Algorta é doutor em direito e ciências sociais e foi professor da Universidade de Montevidéu, no Uruguai. Ele não respondeu a pedido de informações feito pelo jornal. ;
Cerveró está preso desde 14 de janeiro. Ontem, a 2; Turma do Supremo Tribunal Federal manteve Baiano na cadeia, ao negar recurso de sua defesa.