Politica

Executivos da Camargo Corrêa fecham delação premiada na Lava-Jato

Eduardo Leite e Dalton Avancini assinaram acordo após horas de negociação com procuradores. Empresa diz que "sanará eventuais irregularidades"

Eduardo Militão
postado em 28/02/2015 10:56

Dois executivos da empreiteira Camargo Corrêa fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público na Operação Lava-Jato. A negociação terminou às 4h da madrugada deste sábado (28/2). Eduardo Leite e Dalton Avancini acertaram colaborar com as investigações de corrupção na Petrobras em troca de redução da pena de prisão. Detidos desde 14 de novembro, eles são acusados de pagar propina a funcionários da estatal, políticos e operadores para obter negócios na petroleira. O executivo João Auler não negociou o termo, segundo interlocutores da negociação.

Oacordo prevê a soltura dos réus, que só devem ser liberados após a homologação do termo, o que deve acontecer em cerca de 15 dias.

Após o presidente e o vice da construtora Camargo Corrêa fecharem acordo de delação premiada com o Ministério Público, a empreiteira informou neste sábado que ;sanará eventuais irregularidades;. A Procuradoria acusa executivos da empresa de pagarem propina para obterem contratos na Petrobras, assim como outras fornecedores suspeitos de participarem de um carterl.

;Embora não tenha participado do citado acordo, a companhia permanecerá à disposição das autoridades para o que for necessário;, diz nota da assessoria Camargo Corrêa distribuída. O objetivo é seguir ;aprimorando a governança administrativa para seguir contribuindo com o desenvolvimento do País;.

A empresa disse que não foi comunicada oficialmente da delação de seus executivos. Apesar disso, voltou a criticar a prisão de seus executivos, detidos desde novembro de 2014 por ordem do juiz da 13; Vara Federal, Sérgio Moro. ;A companhia lamenta as prisões sem julgamento por períodos excessivos, mais de 100 dias para ambos;.

Ainda antes de fechar acordo com executivos de empreiteiras, os procuradores da Lava-Jato manifestavam o desejo de obter deles informações sobre outros esquemas de corrupção, não só na Petrobrás, mas em usinas e portos. Isso porque, com milhares de documentos e revelações prestadas por outros 13 delatores, não faria sentido obter praticamente as mesmas informações em mãos da Polícia Federal e do MPF.

Dívida

Eduardo Leite foi identificado nas interceptações telefônicas do doleiro Alberto Youssef, que o chamava de ;Leitoso;. Em uma das conversas, o operador diz que Leite é amigo, mas lhe devia 12 paus, o que a Polícia Federal interpretou como R$ 12 milhões. A investigação aponta que ; após obter contratos da Petrobras ; a Camargo repassava de 1% a 3% dos valores para o doleiro distribuir a políticos e servidores da estatal, por vezes simulando contratos de prestação de serviços com empresas de fachada de Youssef.

Além da prisão, os executivos da construtora amargam cobranças milionárias na Justiça. Duas ações judiciais do MPF pedem que milhões de reais sejam pagos por eles a título de reparação de danos, indenização por danos morais coletivos e multas.

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