postado em 19/03/2015 12:48
Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras tomarão o depoimento, na quinta-feira (26/3), do empresário Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM Offshore. Nesta quinta-feira (19/3), a CPI tentou ouvir o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, que usou a prerrogativa de permanecer calado uma vez que está sob investigação da Justiça.
A SBM Offshore é acusada de integrar o esquema de pagamento de propina a funcionários da Petrobras para obter contratos com a estatal. Em seu depoimento à CPI, o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, primeiro a depor no colegiado, disse que sua participação no esquema de pagamento de propina na empresa teria começado em 1997, recebendo propina da empresa holandesa.
Barusco acrescentou que discutiu o pagamento de propina com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele disse ter recebido da SBM Offshore US$ 300 mil repassados, segundo ele, para o PT e utilizado na campanha presidencial de 2010. No depoimento à Justiça, Barusco disse que estima que o PT recebeu de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões, entre 2003 e 2013.
Além de Faerman, a CPI definiu as datas dos depoimentos do gerente da Refinaria Abreu e Lima, Glauco Legati, para o dia 31 de março, e de Hugo Repsold, diretor de Gás e Energia da Petrobras, para o dia 7 de abril. Após as afirmações de Barusco, há a possibilidade de que a comissão convoque Vaccari Neto para depor. Vários requerimentos pedem a presença do tesoureiro do PT na comissão e podem ser aprovados na reunião da próxima semana.
A CPI já ouviu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, em depoimento espontâneo acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter agido politicamente na escolha dos nomes envolvidos no esquema. Cunha é um dos citados na lista com pedido de abertura de inquérito encaminhada por Janot ao Supremo Tribunal Federal.
Outro convocado da CPI foi o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Em seu depoimento Gabrielli disse que não acredita na existência de um esquema de corrupção sistêmica na companhia petrolífera. Para ele, é preciso separar a Petrobras daqueles que desviaram recursos dela.
Na terça-feira (17/3), a SBM Offshore assinou um memorando de entendimento com a Controladoria-Geral da União (CGU) e com a Advocacia-Geral da União (AGU), para que a Petrobras apresente informações relevantes às investigações. A medida, com o ressarcimento de prejuízos, caso comprovados, pode livrar a empresa das punições previstas em lei.