Um dos presos na Operação Lava-Jato desta sexta-feira (27/3), o operador Guilherme Esteves tentou sacar R$ 300 mil em espécie logo após a Polícia Federal cumprir ordem de busca e apreensão em sua residência, no mês passado. A mulher dele ainda tentou sumir com documentos.
Esteves foi alvo de busca e apreensão em 4 de fevereiro em uma das fases da Lava-Jato. Lá, os policiais encontraram documentos que confirmam a delação premiada do ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco. Entre eles, referências a contas bancárias que remeteram dinheiro para o exterior e contatos telefônicos, como o do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Mas, segundo a PF e o Ministério Público, Esteves escondeu documentos no dia da busca. Câmeras de segurança da própria residência filmaram a mulher de Esteves saindo pelos fundos com ;um grande pacote; nas mãos, com conteúdo ainda desconhecido. No dia seguinte, o operador ainda tentou sacar R$ 300 mil em espécie no banco HSBC no Rio de Janeiro.
Barusco afirmou que Esteves intermediava propinas para o estaleiro Jurong vender sondas à petroleira por meio da Sete Brasil. A Sete Brasil tem negócios de US$ 89 bilhões pelos próximos 14 anos com a Petrobras para a construção de 29 sondas. Segundo Barusco, era cobrada uma propina de 0,9% a 1% nesses negócios, parte dela repassada ao PT, por meio do tesoureiro João Vaccari Neto, e ao ex-diretor de Engenharia da estatal Renato Duque.
No caso de Esteves, Barusco disse que foram pagos US$ 8,2 milhões em propinas. Ele indicou a conta Opdale como origem dos pagamentos destinados ao próprio ex-gerente, a Duque, Vaccari e aos dirigentes da Sete Brasil João Carlos Ferraz e Eduardo Musa. Na ação de busca, a PF encontrou os contatos deles no celular de Esteves, ;o que também corrobora as declarações de Pedro Barusco;, segundo o juiz da 13; Vara Federal, Sérgio Moro.
Os policiais ainda acharam mensagens de Skype nos computadores na casa do operador em que ele ordena pagamentos a partir da conta Opdale. Para a PF, isso confirma o depoimento de Barusco segundo o qual Esteves é o controlador da conta bancária usada para pagamentos de propinas.
Silêncio
A assessoria da Galvão Engenharia disse ao Correio que não vai se manifestar, pelo menos até o momento. O estaleiro Jurong também. O advogado de Guilherme Esteves, Ademar Borges, não retornou os contatos da reporetagem. Vaccari tem negado participação nos crimes. Duque também.