Eduardo Militão
postado em 30/03/2015 06:00
Documentos e relatos do de executivos e funcionários da Setal em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mostram que o cartel de empreiteiras da Petrobras se valia até de votações para lotear as obras na estatal. Pela narrativa da construtora de Augusto Mendonça, uma unidade de produção de gasolina na Refinaria do Vale do Paraíba provocou divergências do chamado ;clube;. A Odebrecht ganhou a disputa contra a Setal por 6 votos a 3, segundo indicou a denunciante no documento ;Histórico de condutas;, que integra acordo de leniência com o Cade. As disputas no ;clube; também eram decididas por acordo escritos, com base no valor do espaço já ocupado na ;avenida Petrobras;, relatados em atas e planilhas, parte delas com nomes codificados. Procuradas pelo Correio, as demais empreiteiras negaram o cartel ou silenciaram sobre o assunto.
[SAIBAMAIS]Na semana retrasada, Augusto Mendonça e mais oito pessoas ligadas à Setal Engenharia e à Setal Óleo e Gás (SOG) fecharam o pacto com o Conselho. Os delatores esperam ter uma redução na punição por formação de cartel e evitar o pagamento de multas bilionárias. O Cade condenou o cartel do cimento a multas de R$ 3 bilhões. No caso da Petrobras, em que os prejuízos são calculados inicialmente em R$ 4 bilhões, a perspectiva é que uma condenação chegue a R$ 13 bilhões, segundo estimativa do jornal Valor Econômico.
Segundo o relato de Mendonça e da Setal, em 2008, o clube não se acertou sobre as obras da Revap, em São José dos Campos (SP). A Odebrecht e a Setal queriam ficar com o projeto. ;Depois de muita discussão interna, decidiu-se por uma votação dos membros, para definir quem deveria ficar com a obra;, narraram ao Cade. A Odebrecht teve seis votos: o dela própria e o de Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e UTC, que coordenava o clube. Ao lado da empresa de Mendonça, ficaram só o próprio executivo, a Mendes Júnior e a MPE Montagens. Mesmo assim, na apresentação de preços à Petrobras, todos as propostas foram desclassificadas por valores excessivos. Em nova rodada de negociações, a Odebrecht se associou à UTC e à Promon para apresentar o menor preço: R$ 875 milhões, conforme ata da Petrobras.
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