Politica

Em entrevista, Dilma diz que confia na recuperação da Petrobras

Presidente admitiu que ainda haverá dificuldades, mas reafirmou a solidez dos fundamentos macroeconômicos do país

postado em 02/04/2015 10:45
A presidente Dilma Rousseff disse acreditar que a Petrobras voltará a receber maior volume de capitais, após superar o ;processo de descoberta da corrupção;. Em entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg, ela disse também que o ;grande corte; a ser promovido pelo governo se dará fundamentalmente na máquina pública e prometeu fazer tudo para atingir o superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB - soma das riquezas produzidas no país). Superávit primário é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública.


Na entrevista, concedida terça-feira (31/3), Dilma admitiu que ainda haverá dificuldades, mas reafirmou a solidez dos fundamentos macroeconômicos do país. ;Não é só uma questão de crença, é de ação política. Nós sabíamos que os resultados de janeiro e fevereiro não seriam bons. Eu acho que inclusive o mercado já esperava um pouco isso. Acreditamos que ainda vamos ter um período de dificuldades, mas o Brasil tem uma situação de solidez bastante grande, nos seus fundamentos macroeconômicos.;

De acordo com a presidente, depois que tiver novamente acesso ao mercado de capitais, a Petrobras poderá receber os investimentos de que precisa, já que tem uma ;imensa capacidade;. ;A Petrobras, inclusive, em alguns momentos, era empresa para a qual todo mundo queria emprestar. A Petrobras vai distribuir dividendos. Ela, neste processo de agora, de descoberta da corrupção, tem condições de passar por isso e superar;.

Dilma ressaltou que as ;medidas drásticas; que a estatal terá de tomar foram também adotadas internacionalmente por outras empresas que enfrentaram situações similares. Segundo ela, a Petrobras terá, então, ;uma gestão muito melhor;, ;melhores práticas; e ;capacidade de se alavancar novamente;.

A presidente disse que não viu ;sequer um sinal; dos atos de corrupção que ocorriam entre funcionários da empresa e de empreiteiras e políticos, e que os indícios foram descobertos por uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público. Quanto às construtoras citadas nas investigações como participantes de cartel e desvio de recursos públicos, Dilma afirmou que não são todas as empreiteiras brasileiras que estão envolvidas. ;Algumas vão ter de fazer acordo de leniência. Agora, eu não acho que isso impeça o investimento.;

Quanto às medidas de ajuste fiscal, Dilma declarou que os cortes serão ;fundamentalmente no custeio e no enxugamento da máquina;. Ela ressaltou que que o problema não será resolvido com cortes em pessoal e que será preciso racionalizar gastos, "defasar outros" e criar vários mecanismos.

"Essa é a parte com a qual o governo entra, porque todo mundo tem de entrar com um pedaço. O nosso pedaço, quero avisar, vai ser grande. Vamos fazer um grande corte, um grande contingenciamento orçamentário." Ela enfatizou que não haverá redução na política social. "[Isso] porque não é ela que é responsável pela grande maioria dos gastos. O que nós vamos fazer é um enxugamento em todas as atividades administrativas do governo, um grande enxugamento.;

Sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a presidente disse que ele é ;muito importante para o Brasil hoje; e que tem muita firmeza. Dilma voltou a comentar declarações de Levy sobre a atuação dela na condução do ajuste. ;O que o ministro Joaquim Levy disse: ;você, não necessariamente, tem uma única forma de chegar a uma medida. Às vezes, eu até prefiro a mais rápida, eu prefiro pelo meu jeito de ser, mas nem sempre essa é a melhor medida, às vezes politicamente você tem de construir um outro caminho e, neste, tem necessidade de refazer o processo, de fazer o processo você tem várias passagens.;; Ela acrescentou que esse tipo de prática não deve ocorrer somente na aplicação do ajuste econômico.

Dilma afirmou também que, depois que o ajuste for aprovado, pretende fazer algumas medidas microeconômicas, e citou a estrutura tributária como ;não eficiente; e ;complexa;. ;Um dos motivos pelos quais fazer bitributação, acordo de bitributação no Brasil é difícil é por causa dessa estrutura, que é uma estrutura muito burocratizada, cheia de detalhes. Nós queremos visitar por exemplo, a cumulatividade de impostos e mudar isso. Nós queremos racionalizar a estrutura tributária brasileira. Além disso, nós temos também uma série de ações na área da desburocratização.;

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