Eduardo Militão
postado em 18/04/2015 08:12
Curitiba - Seis horas depois de delegados da Polícia Federal cobrarem publicamente explicações, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, justificou por que pediu a suspensão dos depoimentos em inquéritos que apuram se políticos participaram de esquemas de corrupção na Petrobras. Em nota distribuída ontem, a PGR disse que a ordem da coleta das provas interfere no resultado da investigação, e o Ministério Público, como autor das futuras denúncias, precisa garantir ter um bom material para fazer as acusações e pedidos de arquivamento. Após o pedido, o ministro Teori Zavascki mandou parar várias oitivas de inquéritos contra senadores e deputados.Pela manhã, delegados atacaram Janot duas vezes. Primeiro, uma nota da Associação Nacional dos Delegados (ADPF), com sede em Brasília, colocou mais gasolina na antiga disputa de espaço e poder das duas corporações, agora agravada pela Lava-Jato. Segundo o texto, a PF comunicou que recebeu um prazo inicial de um mês para cumprir todas as oitivas das mais de 100 pessoas arroladas nos inquéritos. ;Entre as determinações do Supremo Tribunal Federal, não consta uma ordem de preferência a ser observada para os depoimentos;, diz o comunicado. Deve-se ressaltar, inclusive, que todas as oitivas realizadas até o momento contaram com a participação de membros do Ministério Público Federal;, diz o comunicado. A PF pediu mais prazo para fazer o trabalho, mas os delegados foram surpreendidos com o parecer de Rodrigo Janot.
Quase que paralelamente, a diretoria da associação no Paraná e do sindicato dos delegados do estado concediam entrevista coletiva em que defendiam a autonomia funcional, administrativa e financeira da corporação. Na conversa, o presidente regional da ADPF, Eduardo Mauat da Silva, afirmou que Janot agiu de maneira ;estranha; e ;sui generis; e precisava dar ;explicações; à sociedade. ;Nós esperamos que ele se explique à sociedade;, disse ele, que é um delegados da Operação Lava-Jato. ;A situação dele é complicada porque é um cargo político. Foi indicado pelo governo. Então, ele não poderia interferir na investigação da Polícia Federal.;
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