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Pagar propina era fácil, afirma executivo da Camargo Corrêa

Eduardo Hermelino Leite afirmou que a empresa pagou R$ 110 milhões de propina à Petrobras

Curitiba ; Um mecanismo de avaliação flexível de preços da Petrobras facilitava o pagamento de propinas nos contratos superfaturados da estatal, de acordo com o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite. Em depoimento prestado sob a condição de delação premiada, ele comentou o fato de a petroleira aceitar uma variação de até 20% nos custos estimados dos projetos. Dentro dessa margem, eram embutidas propinas de 1% a 2%, segundo afirmou à Polícia Federal em depoimentos prestados em março, que foram entregues na noite de sexta-feira à 13; Vara Federal de Curitiba.

;Era fácil, porque, em primeiro lugar, os volumes dos contratos junto à Petrobras eram significativos, de muitos milhões ou bilhões de reais;, disse ele, em uma das oitivas. Segundo Leite, quando o contrato era com a Diretoria de Engenharia da estatal, comandada por Renato Duque, ligado ao PT, a propina era de 1%. Já na de Abastecimento, dirigida por Paulo Roberto Costa, da cota do PP, era preciso pagar mais um 1%.

Leite disse que a Camargo pagou R$ 110 milhões em propina apenas num período de cinco anos, entre 2006 e 2012. E o valor pode ser maior, porque ele, que é funcionário da empresa desde 1994, não sabe se isso ocorreu em anteriormente. O volume de subornos chegou a R$ 63 milhões na Diretoria de Engenharia e a R$ 47 milhões na de Abastecimento. Ele entregou uma planilha com os pagamentos da corrupção. Ele disse que, da diretoria Executiva até a Presidência da empreiteira, todos tinham conhecimento dos pagamentos de propina.

A corrupção já fazia parte do dia a dia da Camargo Corrêa e era embutida nos custos das obras. O presidente da empreiteira, Dalton Avancini, confirmou a informação em outro depoimento em delação premiada. A Camargo usava falsos serviços de consultoria do operador Júlio Camargo para mascarar os pagamentos. Avancini questionou o então diretor Leonel Viana sobre o motivo desses gastos. ;O pagamento dessa propina ;fazia parte do jogo;;, disse Viana, de acordo com o depoimento do presidente da empresa, prestado em 10 de março.

Leite diz que os diretores é que cuidavam desse assunto, e não os acionistas. ;A propina não era um tema tratado pelos acionistas, e sim um custo para a construtora;, afirmou em 13 de março. ;A propina era contabilizada como custo da Camargo Corrêa no fechamento da proposta, sendo que este custo era absorvido pelos recebimentos que a construtora obtinha da Petrobras, pois estava tudo embutido na proposta;, detalhou Leite em 6 de março.

Se não pagassem os subornos, haveria problemas. A corrupção era ;fundamental para o relacionamento com a estatal Petrobras;. ;Senão, não eram sequer recebidos pelos diretores e para que futuras discordâncias com relação ao andamento do contrato fossem corretamente apuradas, sem eventual penalidade ou desequilíbrio.;

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