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Propina paga a ex-diretores da Petrobras era de até 3%, diz empresário

Uma das orientações que segundo ele teria sido passada por Vaccari foi para que usasse parte do dinheiro a ser doado em contratos com a gráfica Atitude, responsável pela produção da publicidade do PT

postado em 23/04/2015 13:55
Em depoimento à CPI da Petrobras, o presidente da Setal Engenharia e conselheiro da Toyo Setal, Augusto Mendonça Neto, afirmou que a cobrança de propina feita pelos ex-diretores da estatal era de até 3% do contrato. Ele acrescentou que parte do dinheiro das empresas foi repassado em doações para o Partido dos Trabalhadores (PT), em 2008, a pedido do ex-diretor da estatal, Renato Duque.

O empresário explicou que procurou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para receber orientações sobre como repassar os valores e disse que Vaccari não sabia que o pedido tinha partido de Duque. O empresário desmentiu o ex-tesoureiro que disse estar no controle do partido desde 2010. Segundo Mendonça Neto, Vaccari passou a comandar as contas do PT a partir de 2008.

[SAIBAMAIS]

;A minha conversa pelo lado da Diretoria de Serviços sempre acontecia pelo Renato Duque ou pelo Pedro Barusco. Foi com quem discuti valores e acertei pagamentos. Duque, em algumas oportunidades, me pediu que fizesse contribuições ao PT. A primeira vez fui procurar o João Vaccari no escritório do PT dizendo que tinha interesse em fazer a contribuição para o partido e ele me indicou o que fazer;, afirmou o conselheiro da Toyo Setal.


Renato Duque, segundo ele, ainda pediu que fossem feitas outras doações e o empresário admitiu que esteve com Vaccari mais de uma vez. ;Tenho todos os comprovantes detalhados. [Estive reunido com o ex-tesoureiro] algumas vezes. Talvez dez. O que acontecia é que os valores que me comprometia a pagar eu parcelava. Muitas vezes a gente atrasava porque tinha problema de caixa;, destacou o empresário.

Uma das orientações que segundo ele teria sido passada por Vaccari foi para que usasse parte do dinheiro a ser doado em contratos com a gráfica Atitude, responsável pela produção da publicidade do PT. ;Vaccari me indicou que fizesse contratos com essa revista e que teríamos oportunidade de, junto à revista, defender questões ligadas a indústria. Fizemos dois contratos com essa editora que produz a revista e pagamos por eles;. Segundo ele, os dois contratos somaram US$ 2,5 milhões.

O empresário negou que Vaccari ou Duque tenham feito qualquer ameaça para garantir o pagamento da propina. Segundo ele, no caso do ex-diretor mesmo sem ter verbalizado, era claro que a contribuição era a condição para não ser atrapalhado nas licitações com a ameaça de ;contribua que vou te ajudar;. Mendonça Filho ainda admitiu que fez doações para outros partidos mas que, nesses casos, não teve qualquer indicação do esquema e que era uma prática das empresas.

Mendonça Neto disse que nunca entregou dinheiro diretamente a qualquer dos ex-diretores da estatal. ;[Duque e Barusco] me indicaram a conta para que pudesse fazer depósitos ou retirar valores;, informou. Alguns depósitos foram feitos pelo empresário Júlio Camargo, com quem Mendonça Neto admitiu manter negócios. Segundo ele, Camargo depositou valores em uma conta de Duque mantida no exterior e que era a fonte da maior parte da comissão paga ao ex-diretor.

No caso de Paulo Roberto Costa, segundo ele, o pagamento indireto teria sido feito por meio de pagamentos de notas fiscais emitidas pelo doleiro Alberto Youssef a quem foi apresentado pelo ex-deputado José Janene, em 2007, quando disse ter firmado contratos com a estatal.;Youssef disponibilizou notas fiscais que nós pagaríamos e o dinheiro seria entregue a ele. Ele me apresentou as empresas M.O., Rigidez e outra que não recordo o nome. Fizemos contratos com essas empresas e pagávamos a elas, mas quem ligava para cobrar era o Youssef;, contou.

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