Politica

Deputado evangélico propõe transformar "baitola" e "pinguelo" em patrimônio

Texto do deputado Wanderley Dallas causou constrangimento entre parlamentares. Após críticas, cerca de 30 palavras serão retiradas do texto original, que será reapresentado na Câmara estadual na semana que vem

Jacqueline Saraiva
postado em 23/04/2015 14:39
Um curioso projeto de lei, do deputado estadual do Amazonas Wanderley Dallas (PMDB), da bancada evangélica, deixou vários parlamentares ;aperreados; e chamou a atenção na internet nesta quinta-feira (23/4). A proposta defende que inusitadas expressões da linguagem regional, como "piroca", "cabaço", "baitola", "pinguelo" e "xibiu", sejam transformadas em Patrimônio Cultural de natureza imaterial. O PL deve ser reapresentado na Câmara estadual na semana que vem, sem as 30 palavras consideradas "chulas", depois da repercussão na rede.

Dallas ressaltou que o projeto

Em um Comunicado de Liderança, publicado nessa quarta-feira (22/4), Dallas explicou o teor do projeto n; 341/2012, alegando que a proposta teve como inspiração o livro ;Amazonês ; termos usados no Amazonas;, de autoria do doutor em linguística pela Universidade de Campinas (Unicamp), Sérgio Freire. ;Sabemos que a linguística amazonense traz uma mistura do soldado da borracha, do índio, dos imigrantes e temos aqui vários termos usados e esse projeto foi fruto de um estudo de acadêmicos da Ufam [Universidade Federal do Amazonas] e do professor Sérgio Freire que vem enriquecer a cultura amazonense;, escreveu.

Em um pronunciamento, nesta quinta-feira (23/4), na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), no qual usou o tempo para criticar a falta de segurança pública no Amazonas, Dallas voltou a comentar o assunto, ressaltando que ;o projeto valoriza o regionalismo e preserva as raízes, reconhece como patrimônio cultural de natureza imaterial para o estado do Amazonas a linguagem regional caracterizada por palavras que só se ouvem em nossa região;.



Segundo a assessoria do deputado, o texto está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde que foi apresentado, em 2012. Depois das críticas, assim que o texto do projeto viralizou na internet, ele pretende fazer uma emenda, com a autorização do professor Sérgio Freira, para retirar cerca de 30 palavras e expressões hoje presentes na obra literal. A previsão é de que o texto seja reapresentado aos parlamentares na semana que vem.

Em quatro legislaturas, o parlamentar já apresentou aproximadamente 300 projetos. Do total, segundo a assessoria do deputado, 86 já são leis no estado. Atualmente, ele tem 25 textos em tramitação.

Popular
Além dos palavrões, o projeto de lei também traz termos cômicos, bastante utilizados, como "tirar o couro" (quando se cobra muito caro por um produto); "amarelo empombado" (indivíduo fraco); bagaceira (noitada); bodozal (bairro pobre, periferia); couro de pica (quando a situação não se resolve); dança de rato e sapateado de catita (enrolar, postergar algo); entre outras.

Confira algumas expressões presentes no projeto de lei
ABIROBADO: abestalhado, imbecil, idiota
ACESUME: enxerimento, atiramento
AMARELO EMPOMBADO: indivíduo fraco, de aparência frágil
APERREADO: apressado, muito nervoso, sem saber o que fazer diante de uma situação difícil
BAGACEIRA: noitada
BAIACU: pessoa gorda
BAITOLA: homossexual
BAIXA-DA-ÉGUA: lugar para onde se mandam pessoas que estão nos chateando. Lugar distante
BRONHA: masturbação masculina
BUFA: pum sem ruído
CABAÇO: o hímen
CABAÇUDA: mulher virgem
EMPACHADO: cheio, estufado
FILHO DE UMA ÉGUA: xingamento dirigido a alguém que nos irritou
FOFOBIRA: coceira na vagina
FURUNFAR: praticar o ato sexual
KETCHBACK: um lance amoroso, rolo
PIROCA: pênis
PIROCAR: perder ou cortar o cabelo
SALIENTE: pessoa enxerida, intrometida
TOBA: o ânus
XIBIU: vagina

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