Politica

PGR busca na Câmara registros eletrônicos de Cunha que o ligam à Lava-Jato

Medida começou na segunda-feira à tarde e entrou na madrugada. Ação não é considerada tecnicamente como busca e apreensão

Eduardo Militão
postado em 06/05/2015 14:58

Com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), dois procuradores da Procuradoria Geral da República (PGR), dois peritos de informática do órgão e um oficial de Justiça foram buscar registros eletrônicos que ligam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao escândalo da Petrobras. A ordem foi dada pelo ministro relator da Lava-Jato, Teori Zavaski, mas não tem o nome técnico de busca e apreensão e nem contou com a participação da Polícia Federal.


Os cinco foram ao departamento de informática da Câmara no final da tarde de segunda-feira (4/5) e só saíram de lá na madrugada de terça-feira. A ação foi suspensa na madrugada e retomada na tarde de terça-feira. Hoje à tarde, a PGR deve ser intimada da conclusão da medida.

De acordo com o doleiro Alberto Youssef, Eduardo Cunha pressionou a empresa Mitsui para pagar propina destinada a ele do esquema de desvios da Petrobras. O delator da Lava-Jato diz que, para isso, o deputado convocou representantes da empresa para depor na Câmara. O requerimento foi protocolado pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) em 2011. No entanto, os registros eletrônicos do documento mostram que ele foi produzido dentro do gabinete de Cunha.


Na ação, os procuradores, os peritos e o oficial de Justiça não usaram de força policial. Mas, com a ordem de Teori em mãos, informaram que os registros do departamento de informática tinham que ser fornecidos obrigatoriamente.


O pedido foi feito em procedimento em separado pelo Ministério Público e corre em sigilo.

Navios
De acordo com o operador e executivo da Toyo Setal, o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Baiano cobraram US$ 40 milhões de dólares de propina para a Samsung Heavy Industries, associada à Mitsui, vender dois navios para a Petrobras em 2006 por US$ 1,2 bilhão. O lobista é apontado como elo do PMDB na estatal, embora ele o partido neguem.

Segundo Camargo, as propinas eram pagas a Baiano e Cerveró em parcelas. Mas, no final, a Samsung, associada à Mistui, deixou de honrar os compromissos e ele teve que pedir ajuda a Youssef para bancar os subornos pendentes. Já o doleiro disse que a pressão de Baiano sobre Camargo se devia a Eduardo Cunha.

Como as propinas não eram pagas, Cunha constrangeu a Mitsui com uma convocação no Congresso, afirmou Youssef. O presidente da Câmara nega a acusação. E diz que os registros eletrônicos da Câmara com seu nome no requerimento de Solange Almeida foram fraudados.

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