Politica

Lobista Milton Pascowitch pagou parte de imóvel de José Dirceu

Empresa envolvida na operação da Polícia Federal repassou R$ 400 mil a antigos proprietários da casa que o ex-ministro utilizava como escritório de consultoria em São Paulo. Ele nega qualquer irregularidade no negócio

postado em 18/06/2015 06:02

Dirceu refuta suspeita de lavagem de dinheiro e diz que transação é legal

A Jamp Engenheiros Associados, empresa do lobista Milton Pascowitch, preso em maio durante a 13; fase da Operação Lava-Jato, pagou parte de um imóvel pertencente ao ex-ministro José Dirceu. Na tarde de ontem, a assessoria do petista informou que, em 2012, a empresa repassou R$ 400 mil aos antigos proprietários da casa que Dirceu utilizava como escritório de consultoria, na Avenida República do Líbano, em São Paulo. O valor repassado pela Jamp é parte de um contrato entre a empresa e a firma de consultoria do ex-ministro, a JD.

Operador da empreiteira Engevix e de outros grupos, Milton Pascowitch pagou, de acordo com dados da Receita Federal, R$ 1,4 milhão a Dirceu. A suspeita dos investigadores é de que as consultorias foram usadas, ao menos em parte, para mascarar pagamentos de propinas de contratos superfaturados com a Petrobras. De acordo com o vice-presidente da empreiteira, Gérson Almada, Pascowitch era o elo da Engevix com o PT.

Os indícios de irregularidades ou suspeitas de lavagem de dinheiro na compra do imóvel foram levantados porque o valor em questão não havia passado pelas contas de José Dirceu ou da JD Consultoria. Gérson Almada disse, em depoimento prestado na 13; Vara Federal de Curitiba, em 17 de março, que fez pagamentos a Pascowitch, que trabalhava para o estaleiro ERG, vinculado à empreiteira. Os recursos, de acordo com o empresário, eram para atender o PT.

A Polícia Federal suspeita que Pascowitch pagava propinas no esquema de corrupção da petroleira. ;O Milton veio falar: ;Olha, Gérson, acho que você precisa manter um relacionamento com o partido, você precisa manter um relacionamento com um partido, você precisa manter um relacionamento com o cliente e eu me proponho a fazer isso;, declarou o executivo.

Almada disse ainda que Pascowitch indicou os serviços do ex-ministro à Engevix. O executivo atestou que Dirceu prestou serviço no exterior e era um ;brilhante open door;, ou ;abridor de portas; em ;vendas em toda a América Latina, Cuba e África;, locais onde o ex-ministro ;tinha um capital humano de relacionamento muito forte;.

Outro lado

Em nota encaminhada ao Correio, no fim da tarde de ontem, o ex-ministro, por meio de sua assessoria de imprensa, disse refutar com veemência ;qualquer ilação de prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial;. No comunicado, a assessoria explica a negociação: ;O imóvel da Avenida República do Líbano foi adquirido, em 2012, conforme consta das declarações de renda do ex-ministro apresentadas à Receita e em posse da Justiça Federal do Paraná. Os antigos proprietários, intimados pela Justiça a falar sobre a venda do imóvel, confirmaram a legalidade da negociação e o recebimento integral no montante de R$ 1,6 milhão, conforme estabelecia o contrato entre as partes e seus representantes;.

O político explicou que a aquisição da casa se deu por meio de entrada no valor de R$ 400 mil e o restante financiado em 161 parcelas mensais junto ao Banco do Brasil. ;Como corretamente aponta o relatório da Receita Federal, os R$ 400 mil não passaram pelas contas bancárias do ex-ministro nem da JD Assessoria e Consultoria porque foram pagos, como parte do contrato, pela Jamp Engenharia diretamente ao então representante do espólio do imóvel, o escritório de advocacia Leite & Rossetti;, finalizou.

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