Paulo de Tarso Lyra
postado em 25/06/2015 12:09
Os senadores que foram para os estados nordestinos por conta dos festejos juninos ; e aqueles que aproveitaram para não comparecer ao Congresso alegando outros motivos ; não receberão falta, mesmo estando fora de Brasília ao longo de toda a semana. Por uma decisão tomada após a reunião de líderes de terça-feira, o painel da Casa foi congelado, com o quórum de 68 senadores verificados há dois dias, e que valerá para assegurar a abertura dos trabalhos de hoje.O episódio lembra o da Câmara, onde, em vez de congelar o painel, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), resolveu abonar a falta dos parlamentares ausentes, conforme noticiado pelo Correio ontem. Isso significa, na ponta do lápis, que os 151 deputados que foram para os estados alegando a participação nas festas regionais deixarão de ter descontados até R$ 120 mil em seus salários. O líder do PSol na Câmara, Chico Alencar (RJ), foi irônico ao questionar se os colegas gaúchos também seriam abonados na semana da Farroupilha.
A manobra no Senado foi denunciada, em plenário, pelo senador Reguffe (PDT-DF), que não faltou a nenhuma sessão da Casa desde que tomou posse, em fevereiro deste ano. ;Isso é um absurdo, não ocorreu em nenhum momento desde que cheguei aqui;, revoltou-se o parlamentar. ;Não é uma atitude ética;, completou. Para o pedetista, não há nada que justifique a decisão do comando do Senado. ;A população quer que os parlamentares estejam no plenário votando sim ou não nos projetos de interesse para o país, de acordo com as suas consciências;, cobrou Reguffe.
Acordos internacionais
Assessores do Senado afirmaram, extraoficialmente, que a medida teria como objetivo assegurar quórum na sessão de hoje, para a votação de acordos bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. A presidente Dilma Rousseff viajará no domingo para se encontrar com o presidente Barack Obama e hoje é o último dia para a análise dos acordos.
Para que a sessão ordinária seja iniciada, é necessária a presença de 41 senadores. Para a votação dos acordos, no entanto, basta a maioria simples dos presentes em plenário, a não ser que alguns dos senadores peça verificação de quórum, o que derrubaria a sessão.
O Correio pediu ao Senado explicações sobre a manobra que congelou o painel da Casa. No entanto, até o fechamento desta edição, a instituição não havia respondido à solicitação.
Cerca de 100 pessoas caminharam pela Esplanada dos Ministérios, na tarde de ontem, para pedir a liberação da maconha. O grupo seguiu até o Supremo Tribunal Federal (STF), que se prepara para julgar o recurso de um condenado que foi preso com 3g da substância. O caso terá repercussão geral e, se a decisão da Corte for favorável ao réu, pode liberar o porte de pequenas quantidades do entorpecente no país. O grupo chegou a cantar palavras de ordem dirigidas à presidente da República. ;Dilma Rousseff, libera o beck!”, gritavam os manifestantes, que foram impedidos de se aproximar do Palácio do Planalto por policiais. A área em frente ao palácio estava isolada por conta de uma ameaça de bomba em mochilas abandonadas próximas ao monumento. No entanto, não foram encontrados explosivos. (AS)