O desdobramento da segunda fase da Operação Acrônimo, da Polícia Federal, desencadeada na manhã de ontem, atinge o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Os 31 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Não houve prisões. Na capital federal, os policiais estiveram na Pepper Comunicação, responsável pelas contas do PT nas mídias sociais. A empresa, situada no Brasília Shopping, atuou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010 e 2014.
De lá, os agentes levaram documentos e computadores. A investigação, até o momento, aponta indícios de que o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, um dos presos da Acrônimo e já em liberdade, seria o operador do suposto caixa 2 da campanha vitoriosa de Pimentel. De acordo com fontes com acesso ao inquérito, a buscaria na Pepper se justifica pela ligação da empresa com a primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira Pereira.
Ontem, a defesa do governador alegou que ele estava à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento. Os advogados avaliaram que o pedido da Polícia Federal para realizar buscas na residência oficial do governador é desnecessário e excessivo. A defesa alega ainda que existe uma espetacularização do caso.
Por meio de nota oficial, o governo de Minas Gerais classificou as ações de busca e apreensão realizadas no antigo escritório do governador como ;arbitrárias;. A administração estadual afirma que as acusações de irregularidades são ;deduções fantasiosas;, na mesma linha das que foram feitas a Carolina Oliveira, mulher de Pimentel, que teve a residência como alvo da primeira fase da Operação Acrônimo, no início deste mês. Ela chegou a trabalhar na Pepper. Segundo a Polícia Federal, a primeira-dama teria uma empresa de fachada, a Oli Comunicações e Imagens, que foi usada pela organização do empresário.
O governo diz ainda que vai resistir. ;Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e antirrepublicanos;, diz a nota. O PT comunicou que a Pepper continuará prestando serviços ao partido. A agência informou, por meio da assessoria de imprensa, que continua à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos solicitados. Afirmou também que deu acesso a todos documentos requeridos pelos policiais federais.
Solicitação
Em Belo Horizonte, a Polícia Federal esteve no local onde funcionava o escritório político do petista durante a campanha eleitoral do ano passado. A PF também pretendia realizar buscas na residência oficial do governador mineiro, na antiga residência dele, no gabinete, na sede do PT em Minas Gerais e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não autorizou. Os policiais também estiveram na empresa P-21, que já pertenceu ao político mineiro. Hoje, a consultoria pertence apenas a um filho do antigo sócio do governador e tem um novo nome: OPR.
Na sede da agência Pepper no Rio de Janeiro, os funcionários foram dispensados de ir ao trabalho e também houve apreensão de documentos e de computadores.
A PF solicitou ao STJ, na semana passada, autorização para abertura de inquérito contra o governador para apurar suposto crime de ;lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;. A decisão ainda não foi proferida. Um dos principais motivos é a ligação de Bené com o petista.
Flagrado em seu avião com R$ 113 mil em espécie, o empresário teria pedido doação de campanha para o governador de Minas Gerais já em dezembro de 2013, quando ele ainda era ministro do governo de Dilma Rousseff. É o que mostram uma anotação na agenda do empreiteiro Gérson Almada, dono da Engevix, e um depoimento à Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Não houve ajuda, segundo disse o empreiteiro. Mas, em agosto do ano passado, a Engevix doou R$ 190 mil para o diretório mineiro do PT, de acordo com dados públicos da Justiça Eleitoral.
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