Politica

Empreiteiro lista 18 políticos na Lava-Jato e Dilma convoca reunião

Presidente da UCT diz que pagou R$ 62 milhões para campanhas com dinheiro da Petrobras. Para o caixa 2 ao PT, foram R$ 3,6 milhões. Ele entregou vários documentos aos investigadores, como planilha de pagamentos e agenda não apreendida pela PF

Eduardo Militão, Enviado Especial
postado em 26/06/2015 20:14
CURITIBA ; As denúncias do presidente e acionista da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa, provocaram reação imediata nesta noite de sexta-feira (26/6). A presidente Dilma Rousseff, cuja campanha é citada como alvo de pagamentos irregulares, convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto. Ao todo, foram R$ 62 milhões em pagamentos cuja origem era dinheiro desviado da Petrobras.

Só para o caixa 2 do PT, foram R$ 3,6 milhões. Pessoa firmou que pagou o valor para o partido entre 2010 e 2014. Os valores foram pagos aos então tesoureiros José de Filipi Júnior e João Vaccari Neto, presos na Operação Lava-Jato. Ele fez delação premiada em que apresentou documentos, planilhas e agenda pessoal não apreendida pela Polícia Federal para comprovar pagamentos ilegais a campanhas de 18 políticos, como Dilma e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor (PTB-AL), o senador Ciro Nongueira (PP-PI) e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).

Em delação premiada prestada a procuradores da Procuradoria Geral da República (PGR), Pessoa trouxe informações novas sobre a investigação que apura esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, que foi vítima de um cartel de empreiteiras que combinava licitações, superfaturava obras e repassava propinas a políticos e funcionários da estatal. A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque o empreiteiro fez acusações contra políticos com foro privilegiado, como ministros, deputados e senadores.

Segundo o Correio apurou com fontes com acesso à investigação, Pessoa prestou 27 depoimentos durante uma semana. Além das afirmações, apresentou documentos. Um deles é uma agenda pessoal, que não foi apreendida pela Polícia Federal. Os depoimentos foram tomados em Brasília, mas para evitar chamar a atenção, as oitivas não aconteciam na Procuradoria Geral da República, mas no Ministério Público Militar, de acordo com essa fonte. A quantidade de detalhes que trouxe chegou a atrapalhar o andamento da negociação do acordo.

De acordo com a a revista Veja, os pagamentos para 18 figuras políticas tinham origem nos contratos da empreiteira com a Petrobras. Lista divulgada pela publicação elenca a distribuição de R$ 62,75 milhões para políticos. O ex-presidente Collor foi quem mais recebeu dinheiro de contratos com da UTC com a petroleira: R$ 20 milhões. Em segundo lugar, ficou João Vaccari, que comandou as finanças do PT até ser preso na Lava-Jato: R$ 15 milhões.

A campanha de Dilma de 2014 recebeu R$ 7,5 milhões. A de Gim, R$ 5 milhões. Condenado no mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ficou com R$ 3,4 milhões. O prefeito de São Paulo, R$ 2,6 milhões, pouco mais que os R$ 2,4 milhões da campanha de Lula em 2006. O ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, R$ 250 mil.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, os pagamentos feitos pela UTC Engenharia ao PT sob forma de caixa dois incluíram repasses em 2010, 2011, 2012 e 2014 nas mãos de Filippi, totalizando R$ 750 mil. Para Vaccari, foram R$ 2,9 milhões divididos em parcelas em 2011, 2012 e 2013.

Negativa
Procurado, o PT não se manifestou até a publicação deste texto. Mas o ministro Aloízio Mercadante negou ter recebido doações irregulares da UTC Engenharia. ;A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral;, afirmou o ministro ontem, por meio de uma nota distribuída à imprensa. A doação foi feita em 27 de agosto de 2010.

A Constram, empresa do grupo da UCT, fez ainda outra doação, de mais R$ 250 mil, em 29 de julho de 2010. O ministro destacou que esse valor também foi informado à Justiça Eleitoral. ;Desconheço o teor da delação premiada do senhor Ricardo Pessoa;, afirmou Mercadante.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação