Rosana Hessel
postado em 27/06/2015 16:50
Depois do susto na noite dessa sexta-feira (26/6), em que foi internado no Hospital do Coração, os especialistas ouvidos pelo Correio desaconselham que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, viaje hoje à noite para os Estados Unidos para se encontrar com a presidente Dilma Rousseff e sua comitiva na visita oficial a Washington -- também com passagem por Nova York e São Francisco.
O ministro saiu do hospital por volta das 1h24 deste sábado (27/6) e foi diagnosticado com embolia pulmonar, de acordo com a assessoria do órgão. Ele deveria ter embarcado com a comitiva de Dilma às 9h, mas não conseguiu, mesmo após a presidente adiar por algumas horas o voo para uma reunião de última hora com os ministros Edinho Silva (Secretaria de Comunicação), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça).
[SAIBAMAIS];Existe uma contra-indicação para viajar, em todas as diretrizes internacionais, nesses casos. Do ponto de vista clínico, o paciente tem risco de ter um novo episódio de embolia e ela pode comprometer o funcionamento cardíaco;, alertou o pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre, Adalberto Rubin. Além disso, o médico disse que ao ficar parado durante horas dentro do avião, os riscos para que o paciente tenham uma nova crise aumentam.
A mesma opinião é compartilhada pelo cardiologista Geniberto Paiva Campos. ;É uma contradição para o paciente de embolia viajar de avião. A falta de mobilização é crítica. Se o diagnóstico do ministro Levy for realmente embolia, eu, como médico, não deixaria ele embarcar em nenhuma hipótese;, disse, acrescentando que é uma irresponsabilidade do hospital dar alta em tão pouco tempo num caso desses. Procurada, a assessoria de imprensa do Hospital do Coração disse que não comentaria o assunto.
Riscos
O pnmeumologista Roberto Stibulov, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, evita falar do caso específico de Levy, mas lembra que embolia é uma doença muito grave e que demanda atenção. ;Em geral, embolia de pulmão exige um período de três dias para análise. Ela pode comprometer o coração;, alertou.
O cardiologista e conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Lázaro Fernandes de Miranda, destaca que, apesar de desconhecer o caso de Levy, se o tamanho da artéria comprometida for pequeno, é possível que o ministro possa viajar desde que tenha acompanhamento médico e esteja devidamente medicado com algum anticoagulante. ;Em hipótese alguma, ele poderá tomar bebida alcoólica durante o voo e precisará se movimentar de hora em hora. Se for de primeira classe, o fato de poder ficar deitado é um bom sinal;, disse, lembrando que, mesmo assim, existe o risco de ocorrer uma segunda embolia durante o voo. ;Nesse caso, se ela comprometer dois terços do pulmão, um infarto será inevitável;, ponderou.
Mesmo assim, procurada, a assessoria de imprensa da Fazenda informou que, a viagem do ministro, programada para hoje à noite em um voo comercial, está mantida. Segundo ela, o ministro vai viajar contra a recomendação do médico Arthur Vianna. Se houver algum problema, ele deverá torcer para ter algum médico entre os passageiros para socorrê-lo.