Eduardo Militão
postado em 02/07/2015 13:33
Ligado ao PMDB, o ex-diretor da Petrobras Jorge Luís Zelada é alvo de uma ordem do juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, para bloquear mais R$ 20 milhões em suas contas bancárias. O magistrado ainda determinou o bloqueio de outros R$ 7 milhões de Raul Schmidt, seu sócio na empresa TVP Solar, com sede no Brasil e no exterior. Zelada foi preso nesta quinta-feira (2/7) na 15; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Conexão Mônaco;.O ex-diretor transferiu US$ 1 milhão para a China, segundo avaliações preliminares dos delegados e procuradores da Operação. Ele ainda retirou outros 7 milhões de euros da Suíça para Mônaco, onde ele teve 11 milhões de euros confiscados em março. As transferências de valores aconteceram em julho e agosto de 2014, quatro meses após o estouro da Lava-Jato. ;Esse é o motivo da prisão, a tentativa de proteção desses valores para impedir que a justiça não o alcance;, afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima.
[SAIBAMAIS]As transferências para bancos na China foram feita a partir de Mônaco. Segundo decisão de Moro, houve ainda transferências para Raul Schmidt. Para a China, houve um repasse de US$ 200 mil dólares em 22 de dezembro passado para a empresa Xia Fern Ying Co Ltd. no Industrial and Commercial Bank of China. ;Há também registro de transferências a débito vultosas para outras contas na China e outras conta na Suíça, aparentemente esta controlada por sócio no Brasil do investigado;, avaliou Moro.
Zelada é suspeito de ter recebido propinas na construção das plataformas P-51, P-52 e P-56, além dos navios-sonda Pride-Ensco DS-5, fabricado pela Pride, em janeiro de 2008, e Titanium Explorer, fabricado pela Vantage Drilling, em janeiro de 2009. Auditorias mostraram superfaturament na contratação, falta de multas por atraso na entrega e falta de uso dos equipamentos após serem entregues à Petrobras
Moro defendeu a necessidade de se prender Zelada. ;Sem a preventiva, há risco concreto da prática de novos atos de lavagem por parte de Jorge Luiz Zelada em relação aos ativos secretos ainda não bloqueados, com o que as chances de recuperação dos ativos pela Justiça brasileira serão frustrados.;
Segundo o juiz, a devolução de milhões de dólares por parte dos outros investigados poderia não se repetir no caso. ;A recuperação de cerca de 97 milhões de dólares de Pedro Barusco, assim como dos valores acordados para devolução com Paulo Roberto Costa no exterior e no Brasil, representam, em princípio, um grande trunfo institucional, fruto do trabalho da Polícia Federal, do Ministério Publico Federal e do DRCI/MJ;, avaliou Moro. ;A recuperação integral dos valores mantidos no exterior em contas secretas por Jorge Luiz Zelada será frustrada caso se admita que ele permaneça em liberdade quando se verificou que, já no curso das investigações, praticou novos atos de lavagem de dinheiro buscando ocultar ainda mais o produto de sua atividade criminosa.;
A 15; fase da Lava-Jato foi apelidada de ;Conexão Mônaco;. Zelada, que esteve no cargo entre 2008 e 2012, será transferido hoje do Rio para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado na PF no Paraná, Igor Romário de Paula, balanço preliminar mostra que foram apreendidos entre R$ 200 mil e R$ 250 mil na 15; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Conexão Mônaco;. Ele disse na entrevista que Zelada deve chegar ainda hoje a Curitiba em um voo de carreira.