Warner Bento Filho
postado em 06/07/2015 06:00
Então você coloca o lixo na calçada e considera o assunto encerrado. No entanto, começa ali uma longa história, que desafia as leis e a Justiça. É onde abre-se um mundo milionário e miserável, que faz a fortuna de aproveitadores enquanto mantém na pobreza centenas de milhares de pessoas que tentam arrancar seu sustento daquilo que a sociedade não quer mais, e que pagam com a própria vida o preço do seu trabalho ; atropelados, soterrados, prensados ou partidos em pedaços por tratores e caminhões. Esse mundo representa o maior problema ambiental do Brasil, que contamina a população, os solos, a água e o ar. E que custa uma fortuna para a sociedade. Em uma série de reportagens, o Correio desvenda esse mundo a partir desta edição.
Uma tentativa de colocar um mínimo de ordem no mundo do lixo saiu do Congresso Nacional há cinco anos, em 7 de julho de 2010. Era a Lei n; 12.305, que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevendo prazos para a implementação da coleta seletiva e para o fechamento dos lixões em todos os municípios brasileiros.
De lá para cá, porém, pouco ou nada aconteceu e o problema se tornou ainda mais crítico em algumas cidades, como no caso de Brasília, que abriga o maior depósito de lixo a céu aberto em atividade no mundo, sem qualquer licenciamento ambiental, muito acima de sua capacidade e que ameaça entrar em colapso, podendo provocar um desastre ambiental sem precedentes no Distrito Federal.
;Estamos vivendo um momento histórico;, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em 7 de julho de 2010. Era o epílogo de uma novela que se arrastava há 19 anos no Congresso, desde que o projeto começou a ser discutido. Ao longo desse tempo, o projeto incorporou outras 140 propostas e foi exaustivamente discutido. ;Este projeto mostra a importância do meio ambiente e procura resolver o maior problema ambiental do país hoje, que é a questão dos resíduos sólidos;, acrescentou a ministra.
Passados cinco anos, o Congresso voltou ao assunto na semana passada, para oferecer mais prazo para municípios se adequarem às novas regras, e as manifestações de otimismo deram lugar ao realismo. ;A maior parte dos municípios, por falta de quadros técnicos e gerenciais qualificados e de insuficiência de recursos financeiros, não conseguiu cumprir a determinação legal;, constatou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), relatora do projeto que prorrogou para até 2021 as obrigações de adaptação dos municípios. Para valer, a proposta ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.