Politica

74% dos brasileiros são contra financiamento empresarial, diz Datafolha

Outros 79% entendem que doações de empresas a políticos estimulam corrupção. Pesquisa foi feita a pedido da OAB. Reforma política volta à pauta da Câmara esta semana

postado em 06/07/2015 17:49
Três em cada quatro brasileiros são contra as doações de empresas a candidatos e partidos políticos, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na manhã desta segunda (06) pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Além de 74% dos brasileiros serem contra esse tipo de financiamento, outros 79% dos pesquisados disseram acreditar que o financiamento de empresas ;estimula a corrupção;. Outros 12% disseram acreditar que o financiamento de empresas não tem relação com a corrupção, e 16% dos brasileiros são favoráveis à continuidade das doações de empresas para candidatos e para políticos. A Câmara dos Deputados deve votar esta semana o 2; turno da PEC da Reforma Política.

A pesquisa do Datafolha ouviu 2.125 pessoas em 135 municípios brasileiros, espalhados por todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados entre os dias 09 e 13 de junho deste ano, e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, segundo o instituto.

O levantamento traz ainda um dado curioso: 35% dos ouvidos sequer sabem que os partidos e candidatos podem receber financiamento de empresas. A pesquisa levou em conta somente as respostas dos 65% que tem conhecimento do financiamento empresarial de campanhas. A rejeição ao financiamento empresarial é maior entre os entrevistados de maior renda e com maior escolaridade. Entre os que ganham entre 5 e 10 salários mínimos mensais, por exemplo, 86% acreditam que o financiamento empresarial estimula a corrupção.

Segundo o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, o Congresso deveria aproveitar as votações da reforma política para coibir esse tipo de doação. ;O mais adequado para limpar é acabar com o investimento empresarial em eleições e tornar crime a utilização do dinheiro não contabilizado, o chamado caixa dois;, disse ele. ;Somente essa combinação de propostas evitará que, após cada eleição, surja um novo escândalo, sempre ligado ao financiamento das campanhas;, completou ele, em nota.

Coêlho também aludiu aos desdodramentos da operação Lava Jato, deflagrada pela PF. Segundo ele, as regras atuais contém ;brechas; que ;permitem a eventual ;legalização; de recursos ilícitos através de doações formais a campanhas;. Atualmente, a PF investiga a hipótese de que doações de campanha tenham sido usadas para pagar propinas vindas do esquema de corrupção na Petrobras, inclusive na campanha da presidente Dilma.

;Tem uma máxima aqui no parlamento, e eu ouvi muito isso na discussão da maioridade penal, de que ;a sociedade quer. Vamos estar em sintonia com o Brasil, 80% quer a redução (da maioridade para 16 anos);. Eu ouvi muito isso. Espero que esses, agora, escutem o clamor da sociedade, que não quer o financiamento empresarial;, disse o líder do governo na Câmara e vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimarães (CE). ;A democracia tem custo. Eu prefiro ver o Estado bancar, com transparência, com o rigor da lei, do que ficar essas contribuições camufladas, que deu no que deu;, disse ele.

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