Politica

Base aliada defende governo e divulga nota de apoio contra impeachment

Para o senador Aécio Neves, "tudo o que contraria o PT é golpe"

Paulo de Tarso Lyra
postado em 08/07/2015 06:05

A tática da presidente Dilma Rousseff para sair das cordas só aprofundou o nível da crise política e o bate-boca entre governo e os adversários. Depois de viver um fim de semana apocalíptico, no qual a oposição pregou um Brasil pós-Dilma, a presidente reuniu o Conselho Político para pedir apoio no julgamento das pedaladas, lançou um projeto para tentar manter o nível de emprego do país e deu uma entrevista na qual chamou parte dos oposicionistas de golpistas e jurou que não cai. Ontem, os líderes da base aliada divulgaram um nota ácida em defesa de Dilma e Temer, que acabou rebatida pelo presidente do PSDB, Aécio Neves (MG). ;Tudo o que contraria o PT e os interesses do PT é golpe;, atacou o tucano.

Foi um mais um dia tenso, iniciado com a divulgação da entrevista da presidente Dilma Rousseff à Folha de S.Paulo, na qual disse: ;Não vou cair, isso é moleza. Não tem base para eu cair e venha tentar. Se tem uma coisa de que não tenho medo, é disso;, alegou. Dilma também defendeu as chamadas pedaladas fiscais ; retardo no envio de recursos do Tesouro para os bancos públicos para aparentar estabilidade nas contas da União. ;As pedaladas foram adotadas antes de nós;, reforçou a petista.

Pela manhã, os líderes da base aliada divulgaram uma nota de apoio a Dilma e ao vice-presidente, Michel Temer. ;Os líderes e dirigentes partidários reafirmam seu profundo respeito à Constituição Federal e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática;, destacou a nota assinada pelos líderes da Câmara e do Senado.

;Nós exorcizamos os arautos do golpe e daquelas saídas que não se coadunam com a democracia e nem com o Estado Democrático de Direito;, atacou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmando que o porta-voz do golpe é o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Contra-ataque
O presidente reeleito do PSDB contra-atacou ainda pela manhã. ;O discurso do golpe é parte de uma estratégia planejada para inibir a ação das instituições e da imprensa brasileira no momento em que pesam sobre a presidente da República e sobre seu partido denúncias da maior gravidade;, rebateu Aécio. ;Na verdade, o discurso golpista é do PT, que não reconhece os instrumentos de fiscalização e de representação da sociedade em uma democracia;, arrematou.

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, também rebateu as palavras da presidente Dilma, garantindo não ser golpe o julgamento das pedaladas fiscais praticadas pelo governo em 2014 e que podem, em última instância, levar ao impeachment da presidente por crime de responsabilidade fiscal. ;O TCU cumpre a legislação. As instituições têm de funcionar e ser fortes;, defendeu, lembrando que o julgamento no Tribunal será técnico, não político.

A estratégia do ataque adotado pela presidente dividiu aliados do governo. Embora todos reconheçam ser difícil manter o sangue-frio diante do fogo cruzado, há quem acredite que o tom agressivo pode resultar em mais danos. ;O governo está extremamente fragilizado. Não sei se é prudente comprar uma briga deste tamanho, abertamente, com a oposição;, disse um integrante da base aliada. ;Pareceu o discurso de alguém que está na linha de tiro, no front, prestes a ser atingido, e não a conclamação de um general para rearrumar as tropas no momento da batalha;, ponderou outro interlocutor governista.

Para outros, no entanto, a presidente quis mandar uma mensagem clara: queda nos índices de popularidade, dificuldades na economia e problemas políticos na relação com a base aliada no Congresso não podem ser considerados suficientes para defender o afastamento de um governante eleito. ;Para se ter impeachment é preciso fato concreto, algo que não existe até o momento;, expressou um petista.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), amenizou o tom em relação às dificuldades do governo. ;Nós temos uma crise econômica, e uma crise política continuada, que hora arrefece, hora esquenta. Ela (a crise política) não ficou pior do que já esteve;, disse.

Ele também minimizou a possibilidade de o TCU rejeitar as contas de Dilma. ;O TCU encaminha apenas um parecer. Caberá ao Congresso decidir. Deixa o tribunal se pronunciar para a gente ver o caso concreto;, disse. ;Não é o TCU que dá a decisão;, lembrou ele. Segundo Cunha, Dilma disse apenas a ;verdade; ao negar sofrer pressões do PMDB, apesar do partido e do próprio Cunha terem imposto numerosas derrotas ao Planalto nos últimos meses.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação