Em crise constante com o governo de Dilma Rousseff e o PT, o PMDB promoveu um encontro ontem, no Rio de Janeiro, com a presença das duas apostas do partido para a corrida do Planalto em 2018: o prefeito fluminense, Eduardo Paes, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A sexta-feira foi reservada às articulações políticas, discutidas em um hotel da cidade. Hoje, os caciques da legenda visitarão as obras dos Jogos Olímpicos do próximo ano, que podem alavancar a candidatura de Paes à sucessão de Dilma Rousseff.
Com o cenário nebuloso no âmbito nacional, o PMDB se equilibra entre o apoio a Dilma e as conversas com a oposição. Cunha tem se encontrado frequentemente com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Segundo a Constituição, é o presidente da Câmara que tem o poder de autorizar a abertura de processo de impeachment contra o presidente da República. Por enquanto, o peemedebista tem reforçado o discurso de que não há provas suficientes para julgar a petista por crime de responsabilidade devido às pedaladas fiscais nas contas públicas.
As palavras de Cunha são endossadas pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). ;Não esperem de mim uma atitude golpista porque não vamos contribuir para qualquer coisa nesse sentido. Eu lutei muito pela democracia para aceitar rupturas;, disse Eunício ao Correio. O parlamentar, no entanto, faz uma ressalva: ;Uma coisa é se aparecer, de fato, algo contra ela (Dilma). Mas, até o momento, não há nada;.
O PMDB também negocia com outras lideranças políticas, com o intuito de se cacifar politicamente para as próximas eleições. No início desta semana, Eunício e o senador Romero Jucá (RR) jantaram com a senadora Marta Suplicy (sem partido-SP). A ex-petista tem flertado com o PMDB e o PSB para definir o futuro nas eleições municipais de 2016. ;Para ela entrar no PMDB, só falta a benção dos paulistas. A bancada de senadores está de braços abertos para ela;, assegurou Eunício.
Além do flerte para abrigar a ex-petista, o PMDB do Senado também aproxima-se do senador José Serra (PSDB-SP). Com pouco espaço entre os tucanos, Serra tem visto seus projetos e propostas serem bem acolhidos por Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Essa aproximação tem gerado muita especulação nos bastidores do Congresso. Há quem diga que Serra, sem chances de se tornar pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, poderá se filiar ao PMDB para concorrer ao Planalto em 2018. ;Isso é puro chute;, desconversou um aliado de Renan.
Entre rumores e possibilidades, todos esses cenários são alvo de discussão no encontro que os peemedebistas promovem desde ontem no Rio. No centro das conversas, a unidade do partido rumo à candidatura própria ao Planalto. Paes, eleito e reeleito prefeito da capital fluminense, aposta todas as fichas nos Jogos Olímpicos de 2016 para definir seu futuro. Por enquanto, ele é nome do partido para concorrer à sucessão de Luiz Fernando Pezão (PMDB), atual governador do estado. Mas, se os Jogos forem bem-sucedidos, Paes pavimentará seu caminho para disputar a pré-candidatura ao Planalto.
No início do ano, pouco depois de vencer a disputa para a presidência da Câmara, Eduardo Cunha lançou o nome de Paes para o Palácio do Planalto em 2018. O prefeito, no entanto, disse que será candidato ao governo fluminense. O jogo de empurra faz parte da mise-en-sc;ne do partido para não adiantar nenhum passo político. Em entrevista ao Correio, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, defendeu que, após as eleições municipais do ano que vem, a legenda desembarque do governo para costurar a candidatura própria. ;Defendo ; e acredito que essa posição (deixar o governo) é majoritária dentro do PMDB ; a ideia de que isso ocorra depois das eleições municipais de 2016;, afirmou, colocando Cunha e Paes como os nomes mais prováveis na disputa interna.
Parcimônia
Para integrantes da cúpula partidária, contudo, é preciso cautela. Paes apareceu em recente pesquisa de opinião com apenas 2% das intenções de voto para presidente. Cunha nem sequer aparece entre os citados, embora esteja se tornando um político mais conhecido nacionalmente por ser presidente da Câmara. Inclusive, tem viajado pelo país com o projeto Câmara Itinerante, justamente para expor o próprio nome.
Existe também outro problema. Não há como negar que o PMDB do Rio, hoje, é a ala mais forte do partido. Tem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha; o líder da bancada na Casa, Leonardo Picciani; o governador Luiz Fernando Pezão; o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes; o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani; e o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felippe. ;Mas eles se comportam como uma entidade à parte, inclusive criticando a direção nacional. Para pensar em voos maiores em 2018, é preciso que eles se integrem ao conjunto do PMDB antes;, criticou um cacique nacional.
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