O vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) disse nesta sexta-feira (31/7) ver "sem nenhuma preocupação" a distribuição dos controles das próximas CPIs, que devem investigar as operações do BNDES e os fundos de pensão ligados a estatais. Presidente nacional do PMDB e hoje responsável pela articulação política do governo, Temer disse acreditar na responsabilidade da oposição.
"Tenho absoluta convicção de que a oposição também tem preocupações com o País. Se a oposição estiver presente, como certamente estará pelo critério da proporcionalidade, eu sei que eles são tão responsáveis como os membros da situação", disse Temer ao deixar um evento na capital paulista. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sinaliza que entregará a presidência e a relatoria das comissões ao PMDB e a partidos de oposição.
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"A preocupação hoje não é governo, contra o governo ou a favor do governo, a preocupação é com o País", disse ao reforçar o discurso que havia feito minutos antes. "O que o Brasil precisa é de equilíbrio e de moderação. Temos que pensar o País."
Perguntado se sua fala de "unidade" para o PMDB crescer no discurso era algum tipo de indireta para Cunha, que anunciou seu rompimento pessoal com o governo, Temer negou. "Esse diálogo eu tenho tido com vários setores mesmo setores políticos, da oposição. Eu verifico que todos têm preocupação com o País", respondeu.
"Pauta-bomba"
Temer disse que a reunião da última quinta-feira, 30, com governadores, foi positiva para conter o avanço da pauta-bomba no Congresso. "A chamada pauta-bomba são valores que, aplicados na União, repercutem nos Estados."
"Tive a oportunidade de dizer que acima dos interesses dos Estados está o interesse do País. Certas questões não são questões de governo, são questões de Estado", disse, ao comentar que os governadores compreenderam a importância de ajudar na interlocução com os parlamentares. Todos estão muito cientes e conscientes disso.
Catta Preta
Ao contrário do que costuma fazer em eventos abertos à imprensa, Temer evitou os jornalistas nesta sexta-feira. Ele foi cercado pelos repórteres no estacionamento quando chegava ao carro. Um dia depois de Beatriz Catta Preta, advogada que abandonou os casos de delatores da Lava-Jato, ter dado entrevistas relatando ter sido ameaçada por integrantes da CPI da Petrobras, Temer se recusou a comentar o assunto.
A CPI que investiga os desvios na estatal é controlada pelo PMDB. A presidência é de Hugo Motta, aliado do presidente da Câmara Eduardo Cunha - que é um dos alvos das investigações de desvios na Petrobrás.