Agência Estado
postado em 14/08/2015 14:34
Com a popularidade da presidente Dilma Rousseff em baixa e as crises econômica, política e ética cada vez mais acirradas, movimentos de oposição ao governo da petista saem às ruas neste domingo (16/8/15) em protestos programados para todo o país e também no exterior. O Movimento Brasil Livre espera manifestações em, pelo menos, 144 localidades, já o Vem Pra Rua lista 257 cidades em seu site, sendo 19 fora do Brasil. Além do ;fora Dilma;, outro mote dos principais movimentos de rua contrários à atual gestão federal, que inclui também o Revoltados Online, é "não vamos pagar a conta do PT".Ao contrário dos protestos anteriores, quando o principal partido de oposição tentou manter uma certa neutralidade, neste domingo, o PSDB e seus principais aliados, como o DEM, PPS e Solidariedade, convocaram as pessoas para irem às ruas. O candidato derrotado do PSDB em 2014, Aécio Neves, sinalizou nesta sexta-feira (14/8/15) em Maceió, onde participa do lançamento da campanha nacional de filiação do seu partido, que vai participar das manifestações, mas não disse onde.
"A minha vontade pessoal é essa (de ir). Pretendo sim, mas vou avaliar até sábado (15/8/15) aonde vou e se vou", disse o tucano, durante a campanha de filiação em Maceió. Aécio disse que recebeu convite de várias cidades no Nordeste, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Segundo aliados, o mais provável é que Aécio vá ao protesto em Belo Horizonte ou Brasília.
O site do PSDB em São Paulo lista 61 cidades com protestos marcados. O presidente do partido no Estado divulgou um vídeo convocando a população do Estado a sair às ruas protestando contra o atual governo.
Na capital paulista, os manifestantes se concentrarão mais uma vez na Avenida Paulista, tradicional local de protestos na cidade. São Paulo concentrou os maiores números nas duas primeiras manifestações contra o governo Dilma, em março e abril deste ano.
Em Minas, domicílio eleitoral de Aécio, o Vem pra Rua prevê protestos em 30 cidades. Em Belo Horizonte, a concentração será na Praça da Liberdade, região central da capital mineira. Segundo a Polícia Militar, o primeiro protesto contra o governo, em 15 de março, reuniu 24 mil pessoas em Belo Horizonte, número contestado pelos organizadores do protesto.
Defesa de Lula
Simultaneamente aos protestos contra o governo Dilma em todo o país, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a CUT São Paulo estão programando para domingo, a partir das 13 horas, um ato "em defesa da democracia" em frente à sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Alguns manifestantes já estão em vigília no local desde o início desta semana e prometem permanecer acampados até a próxima segunda-feira, 17. A vigília precede a manifestação agendada para quinta-feira, 20, em todo Brasil, por sindicatos e movimentos sociais.
Sem referência direta ao governo Dilma, na página do Facebook onde o evento foi criado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulgou a hashtag #SomostodosLULA. "Não permitiremos que nossa principal liderança seja atacada ou mesmo ameaçada por setores ou pessoas que não têm responsabilidade com a democracia e que nunca se importaram com os trabalhadores", diz o sindicato, classificando de vitorioso o legado do ex-presidente petista.
Domingo Negro
O dia 16 de agosto não foi escolhido ao acaso para marcar os protestos contra o governo Dilma Rousseff. Nesta data, há 23 anos, em 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello foi alvo de uma das maiores manifestações contra um governo no período pós-redemocratização, protagonizada pelos caras-pintadas. Três dias antes de 16 de agosto, que ficou conhecido como o "domingo negro", em meio às turbulências e as denúncias que pesavam contra sua gestão, além do consequente enfraquecimento e isolamento político, Collor fez um pronunciamento à nação, pedindo uqe usassem o verde-amarelo da bandeira brasileira, em seu apoio. Mas o ocorreu foi o contrário no dia 16 de agosto de 1992, também um domingo, os brasileiros saíram às ruas de todo o país vestidos de preto, com os rostos pintados de verde-amarelo, pedindo a saída de Collor.
Depois dessa manifestação, o processo de impeachment foi aprovado pela Câmara Federal, por 441 votos a favor e 38 contra, e Fernando Collor foi afastado da Presidência da República no dia 2 de outubro daquele ano. Sabendo que seria afastado, Collor acabou renunciando no dia 29 de dezembro, mas o Senado prosseguiu o julgamento, afastando-o do cargo e privando-o dos direitos políticos por oito anos. A decisão foi confirmada pelo STF em 1993. Collor, atualmente senador e um dos alvos da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção e desvio de recursos da Petrobras, alegou que foi afastado do Palácio do Planalto em razão de perseguição de forças políticas contrárias à modernização do país. (Colaborou Pedro Venceslau)