Eduardo Militão
postado em 14/08/2015 21:06
Um grampo telefônico feito pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato revela o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com "preocupação em relação aos assuntos do BNDES". É o que mostra relatório da corporação sobre interceptações feitas em telefones de réus ligados à Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que executa obras no exterior com financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
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O alvo do grampo é o diretor de Relações Institucionais da empreiteira Alexandrino Alencar. Em 15 de junho, às 20h06min, antes de ser preso na Lava-Jato, ele conversa com Lula. O diálogo mostra que os dois estão preocupados com o BNDES, relata o delegado Eduardo Mauat ao juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, em documento datado de 30 de julho.
[SAIBAMAIS]Na conversa, Alencar diz que Emílio Oderecht - pai de Marcelo Odebrecht, que seria preso dias depois - gostou de nota do Instituto Lula explicando repasse de R$ 4,5 milhões da Construtora Camargo Corrêa para a entidade e a empresa de palestras do ex-presidente, a LILS.
Na nota, o instituto lembrou das finalidades da organização, como o combate à pobreza e a integração entre os países africanos e latinos americanos. A entidade já destacou a naturalidade das doações recebidas e afirmou que Lula não faz lobby para empresas, mas apenas palestras.
O relatório descreve resumos de grampos em 39 linhas telefônicas e duas contas de email de vários investigados ligados à Odebrecht, após pedido de quebra de sigilos feito em maio pelos delegados da PF.
Ao receber o documento, o juiz Sérgio Moro não considerou relevantes os diálogos. "Não constatou, a princípio, diálogo e mensagens muito relevantes", avaliou o magistrado, que liberou os autos para acesso dos investigados e seus advogados.