Politica

Movimentos sociais organizam protesto contra "pauta conservadora"

Um possível impeachment da presidente Dilma foi criticado principalmente por CUT e UNE

Agência Estado
postado em 17/08/2015 18:45
Representantes dos movimentos sociais que organizam os protestos do próximo dia 20, em resposta às manifestações do último domingo (16/8) fizeram hoje duras críticas à Agenda Brasil, conjunto de propostas apresentada ao governo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre críticas ao ajuste fiscal e defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, as propostas que fundamentam o pacto entre o Planalto e o presidente do Senado foram chamadas de "Agenda esfola Brasil".

"Não se pode ter uma leitura simplista que (o protesto do) dia16 foi contra Dilma e dia 20 é viva Dilma. Não é", disse Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A presidente da UNE, Carina Vitral, ressaltou que o grupo é contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas não é isso que caracteriza a manifestação da próxima quinta-feira. Críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua "pauta conservadora" unificam os movimentos. "A passeata do dia 20 é um contraponto à do dia 16, não pelo impeachment, mas pelas ideias. Achamos que a manifestação do dia 16 levou às ruas pautas conservadoras", disse Carina Vitral.

Boulos chamou a Agenda Brasil de "pacto entre os de cima" e disse que o tom das propostas de Renan é de retrocesso. "Se há um pacto, esse pacto exclui o povo". O secretário da Intersindical, Edson Carneiro, chamou a Agenda Brasil de "somatório de lobbys".

Assim como fez em cerimônia no Palácio do Planalto, Boulos criticou o ajuste fiscal e cobrou que a conta seja paga pelos mais ricos. "Nossa agenda é fazer o ajuste fiscal do outro lado" disse. O manifesto divulgado pelos movimentos cobra "saídas populares para a crise".

Um possível impeachment da presidente Dilma foi criticado principalmente por CUT e UNE. "Existe um clima sendo criado para não se respeitar o resultado das eleições de 2014. Estamos repudiando todos os que querem interromper esse processo democrático que está em curso", defendeu o presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos.

Os organizadores esperam manifestações em pelo menos doze capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Recife, Salvador, Goiânia, Fortaleza, Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis. A de São Paulo terá concentração às 17h de quinta-feira no Largo da Batata, saindo às 18h em caminhada até o Masp.

Lava-Jato

O presidente da União da Juventude Socialista, Renan Alencar, criticou duramente a Operação Lava-Jato, que chamou de "caldeira irresponsável". Alencar disse que a Operação faz o combate à corrupção "sem se preocupar" com o desemprego e com o pré-sal.

Em seguida, Boulos ressaltou que a Lava-Jato não era um tema que unificava os movimentos e que por isso não constava no manifesto. "No manifesto não há menção à Lava Jato porque não é uma pauta unitária. No nosso campo existem posições diferentes. Felizmente existem diferenças".

A Operação Lava-Jato foi criticada ainda pelo representante da CUT, que se disse preocupado com o emprego, e pela presidente da UNE, que reclamou da falta de transparência nas investigações. "Hoje não se tem presunção de inocência, mas presunção de culpa".

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