Ouvido na condição de testemunha, o ex-gerente assistente do Banco do Brasil, Rinaldo Gonçalves de Carvalho, disse à CPI da Petrobras que fez algo que não poderia ter feito: pedir dinheiro emprestado a um cliente, no caso a doleira Nelma Kodama, atualmente presa na Operação Lava Jato. "Ela me emprestou e não tive oportunidade de pagar", admitiu. Ele afirmou se sentir injustiçado por ter sido demitido do Banco do Brasil.
Acusado de colaborar com o grupo da doleira para viabilizar operações financeiras ilegais, o ex-gerente disse aos parlamentares que Nelma era mais uma grande cliente e que ele não tinha acesso ao sistema do banco que informava sobre empresas e movimentações suspeitas de lavagem de dinheiro. De acordo com ele, a doleira tinha movimentação financeira "fora do normal", alcançando operações diárias de R$ 1 milhão. "O banco acaba fechando os olhos para certas coisas porque sabe que terá reciprocidade", afirmou, referindo-se à compra de serviços bancários pelos clientes.
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Carvalho relatou que trabalhou no banco por 10 anos e que, numa agência da capital paulistana, a doleira abriu a conta bancária de pessoa jurídica em meados do ano passado. Ele atendeu a doleira, que chegou a ter seis contas na mesma agência, por seis meses. "A gente tinha muito contato por telefone", contou.
Segundo ele, a doleira fazia o fechamento de câmbio com a corretora TOV e, no final do dia, avisava sobre os depósitos em cheque a fim de reservar um caixa exclusivo para a operação, já que ela era considerada uma cliente "grande". Carvalho chegou a admitir aos parlamentares que avisou a uma assistente sobre o bloqueio judicial da conta de Nelma. Isso impediu que o grupo continuasse depositando dinheiro na conta.
O ex-gerente também atendeu por um tempo a conta do doleiro Raul Srour, quando ele abriu a conta bancária. "Ele fazia muitos depósitos em dinheiro", detalhou. Ele disse desconhecer o doleiro Alberto Youssef.
O ex-funcionário do BB reclamou do processo que o afastou do trabalho e disse que não sabe a razão de sua demissão. "O banco não me deu acesso aos resultados do inquérito administrativo", reclamou.