Uma proposta da deputada Erika Kokay (PT-DF) na abertura da CPI dos Fundos de Pensão criou uma rápida reação dos demais parlamentares que acompanham os trabalhos do grupo. Ela questionou o fato de a Comissão ter como foco apenas quatro grandes fundos (Petros, da Petrobras, Postalis, dos Correios, Previ, do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica) e quer incluir também apurações de entidades de outros Estados, como São Paulo.
"Não deveríamos nos concentrar apenas nos fundos federais. Eu não faço investigação seletiva, que já tenha seu ponto de chegada. Queremos apurar tudo, não apenas de quatro fundos federais", disse. "Queremos investigar e passar a limpo todos os resultados. Também quero investigar fundos de São Paulo que já estão sob a investigação da Polícia Federal", continuou.
Imediatamente, a proposta da parlamentar causou reação dos demais deputados. "Minha preocupação é abrir demais a CPI. Quando fica muito grande e abre muito foco, se dá o cansaço", afirmou João Rodrigues (PSD-SC). Já Samuel Moreira (PSDB-SP) salientou que seria bom começar com esses quatro fundos de pensão. "Vamos com muita tranquilidade seguir as regras, que valem para todos. Nada impede de abrir-se outras CPIs, mas os demais fundos de pensão podem entrar conforme for surgindo a necessidade", sugeriu.
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Na mesma linha, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) defendeu que a equipe inicie os trabalhos pelas quatro entidades citadas e que, depois, se abra para as demais. "Não temos o que temer: só não podemos já deixar a ideia de que isso se transforme numa grande pizza", considerou. Citando a reportagem internacional, de que a presidente Dilma Rousseff não honrou o pagamento de transporte de limusines nos Estados Unidos, ele acrescentou que "um governo que dá calote no pagamento de uma frota de limusines não pode deixar trabalhadores serem prejudicados".
O roteiro de trabalho do relator foi aprovado por unanimidade pela CPI. Ele também disse que o foco é fazer investigações nessas quatro entidades. "Isso não quer dizer que não podemos avançar além do que está no requerimento." O presidente da Comissão, deputado Efraim Filho (DEM/PB), garantiu que a CPI dos fundos de pensão visa a fazer justiça. A CPI possui prazo de 120 dias para apuração, podendo ser prorrogado.
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) comparou a CPI ao para-brisa de um carro que "tem só um trincadinho". "Parece que a CPI dos fundos de pensão tem essa vertente. É lamentável saber que pessoas que trabalharam colocaram na mão de gestores, a maioria de indicação política. Existem pessoas que são figurinhas carimbadas. Mais de 190 requerimentos, e entre eles estão Vacarri Neto, o doleiro Alberto Youssef...", citou.
Convites
Diretores e presidentes executivos e presidentes do conselho fiscal dos fundos de pensão Petros (Petrobras), Postalis (Correios), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica) serão convidados ou convocados a comparecerem à comissão para prestar declarações na segunda fase de apuração da CPI dos fundos de pensão, conforme aprovado pela comissão. A primeira convocação reunirá associações e funcionários potencialmente lesados por suposta má gestão desses fundos. "A convocação pode ser na condição de acusado ou de testemunha, não há nenhum juízo de valor", enfatizou o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM/PB).
De acordo com documento ao qual a reportagem teve acesso, da Petros serão chamados Wagner Pinheiro de Oliveira (2009), Luiz Carlos Fernandes Afonso (2011 a 2013), Carlos Fernando Costa (2014), Henrique J;ger (2015). Também estão na lista Silvio Sinedino Pinheiro (2009 a 2012), Marcio Branco de Oliveira (2013), Epaminondas de Souza Mendes (2014) e Marcio Branco de Oliveira (2015).
Da Previ, serão chamados Alexandre Chaves (2008 a 2010), Dan Conrado (2011), Alexandre Chaves (2012), Dan Conrado (2013 e 2014), Gueitiro Martsuo Genso (2014), Roseli Andrade (2008 e 2009), Paulo Bonucci (2010), Fabiano Felix do Nascimento (2011), Maurício Miranda (2012), Fabiano Felix do Nascimento (2013), Odali Dias Cardoso (2104 e 2015).
No caso da Postalis, a lista prevê os nomes de Alexej Predtechensky (2007 a 2011), Antonio Carlos Conquista (2012 a 2015), Bera Aurora Tyo Bem da Silva (2007), Manoel dos Santos Oliveira Cantoara (2008 a 2011), Antônio Alberto Rodrigues Barbosa (2012 a 2013), Joelson Vellozo Junior (2014) e Reginaldo Chaves de Alcântara (2015).
Por fim, no caso da Funcef, o rol apresentado conta com João Ademir Dornelles (2005), Guilherme Narciso de Lacerda (2006 a 2009), Carlos Alberto Caser (2010 a 2015), José Miguel Correia (2005), Emanoel Souza de Jesus (2006 a 2009) e Carlos Alberto Pinheiro de Oliveira (2010 a 2015).