Politica

Em artigo, Marina comenta as manifestações pelo impeachment de Dilma

Ela faz críticas indiretas, porém incisivas, à aproximação do Planalto com o presidente do Senado, Renan Calheiros - que lançou o conjunto de propostas batizado "Agenda Brasil"

Agência Estado
postado em 19/08/2015 15:13
A ex-candidata presidencial Marina Silva publicou nesta quarta-feira (19/8) um artigo em que comenta as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff no domingo (16/8). No texto, publicado pelo portal UOL, Marina diz que aqueles que se mobilizam "para além das cartilhas ideológicas de ocasião" não trabalham pelo "Fora Dilma", pois sentem que a presidente já foi "saída". A ex-senadora diz que Dilma sofre as consequências das "lições que insiste em não querer aprender".

"De alguma forma, os que estão se mobilizando para além da velha polarização política e das cartilhas ideológicas de ocasião, entendem que (...) não é estratégico nem correto reduzir seus esforços a um simples ;fora Dilma;. Sentem que de certa maneira ela já foi ;saída; pelas forças políticas tradicionais, entre as quais parte de seu próprio partido. Saída, enfim, pelas lições que insiste em não querer aprender."

A ex-candidata, que em julho criticou aqueles que culpavam exclusivamente a presidente pela corrupção no País, fez no artigo de hoje ressalvas às manifestações que clamam por impeachment, mas argumentou que, como um termômetro, elas apontam a insatisfação da população. "Podemos concordar com todas as falas, todas as faixas, todas as narrativas? Claro que não, mas a honestidade impõe reconhecer que as ruas mostraram uma monumental e muito relevante insatisfação contra a corrupção e a mentira entranhadas nas instituições e nas relações de poder."

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"As manifestações são legítimas. Elas são o termômetro da crise política, e não se pode culpar o termômetro por indicar a gravidade da febre", diz outro trecho.

Em nenhum momento Marina diz ser favorável ao afastamento da presidente e ela chega a criticar novamente políticos que tentam segundo ela, "instrumentalizar o momento e as instituições" em vez de procurar saídas concretas para a crise. Ela repete defender as investigações. "A responsabilidade dos que receberam um mandato é enorme e, se traíram a confiança da sociedade, precisam se explicar perante a Justiça e se submeterem às penas, caso o ilícito seja comprovado."

Marina também traz novamente, no artigo, a defesa do que chama de "nova política" com uma governabilidade baseada em programa de governo e não em distribuição de cargos. A ex-candidata defende que esse é o único caminho para se institucionalizar conquistas e combater a "corrupção, fragilização e descontinuidade de políticas públicas". "Não pode mais se deixar levar, como aconteceu nas eleições de 2014, pela ditadura do marketing, pela lei do mais forte, pelos slogans vazios e pela agressividade das mentiras", diz o texto.

Ela faz críticas indiretas, porém incisivas, à aproximação do Planalto com o presidente do Senado, Renan Calheiros - que lançou o conjunto de propostas batizado "Agenda Brasil". "Chega de agendas meramente de poder ou de manutenção do status quo, que são positivas apenas para quem as faz e sempre surgem nos momentos de crise para contrabandear acordos e propostas patrocinadoras de retrocessos contrários aos interesses dos mais frágeis", afirma no texto. "Não é hora de manobras de bastidores pactuadas por poucos", argumenta em outro trecho.

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