Agência Estado
postado em 24/08/2015 17:14
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não haver novidade na tramitação de pedidos de abertura de processos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Eles estão sendo analisados tecnicamente", afirmou.O presidente da Câmara explicou que houve processos rejeitados por "vícios de erro formal" e que os processos que sobreviveram à análise técnica seguem o rito normal.
Como orientado por sua defesa, Cunha segue se recusando a falar sobre as investigações da Lava-Jato e deixou de emitir opinião sobre a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na semana passada, Janot denunciou Cunha ao Supremo Tribunal Federal por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Antes da denúncia, o peemedebista tinha chegado a acusar o procurador de pressionar o delator Júlio Camargo a mentir sobre pagamento de propina. "Sobre esse assunto fala meu advogado", esquivou-se o peemedebista nesta segunda (24/8).
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Temer
O presidente da Câmara disse que o vice-presidente Michel Temer era "sabotado" na articulação política e que sua saída das negociações de "varejo" da política são um "sinal positivo". Segundo fontes, Temer deve permanecer à frente da articulação política em conversas com líderes, mas sem se envolver com liberação de cargos e emendas.
"Não sei se ele efetivamente saiu, mas torço para que seja verdade. Ele foi muito sabotado esse tempo todo, não tinha condição nenhuma de cumprir o trabalho", disse Cunha. "A saída dele da articulação, se confirmada, é um bom sinal para ele", reforçou.
Cunha repetiu ser favorável a que o PMDB desembarque da base de apoio do governo Dilma, como ele já fez unilateralmente, e disse ainda defender que o congresso do PMDB, previsto para novembro, seja adiantado para que essa discussão seja feita dentro do partido.
Sobre ministros peemedebistas deixarem os cargos, Cunha desconversou e disse que isso acontecerá eventualmente se o PMDB decidir deixar a base.
Reforma ministerial
Sobre o anúncio do governo hoje, de cortar dez ministérios, Cunha classificou como um movimento positivo, especialmente em termos de sinalização econômica, mas insuficiente.
O presidente da Câmara destacou ser autor de uma PEC que determina número máximo de 20 ministérios, ante os 39 atuais. "Se reduzirem 10, ainda vão ficar devendo 9 para minha proposta", provocou Cunha. Ele disse esperar que, com a movimentação do governo, se impulsione a tramitação da PEC de sua autoria. "Acho 10 ainda pouco, defendo o número da minha proposta que é 20 no total."
Marta
Cunha disse também considerar positiva a provável vinda de Marta Suplicy para o seu partido, pois é uma "senadora de boa atuação", mas ressalvou que ela não pode vir com "privilégios".
"A vinda de qualquer pessoa pra agregar é sempre positiva, desde que venha dentro do ambiente de convivência, da disputa, da harmonia, para poder ganhar o seu espaço, e não que venha detentora de qualquer prerrogativa ou privilégio", disse.
Reforma tributária
O presidente da Câmara reiterou que seu objetivo é levar a reforma tributária a votação em plenário da Casa até setembro. Segundo ele, a ideia é formular um texto de emenda aglutinativa à PEC de reforma que já passou em comissão especial, o que agilizaria a tramitação.
Cunha participou de um evento com a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Também estiveram no evento ao lado de Cunha os senadores tucanos José Serra (SP), Aloysio Nunes (SP) e Antonio Anastasia (MG), além do vice-governador Márcio França (PSB), que veio representando o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).