Agência Estado
postado em 02/09/2015 13:38
O engenheiro Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, preso na Operação Lava-Jato, afirmou nesta quarta-feira (2/9), na CPI que investiga corrupção na estatal, que o delator Augusto Mendonça "é um mentiroso contumaz". Duque e o delator estão frente à frente em audiência de acareação na CPI da qual também participa o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Lava-Jato.Duque e Vaccari permanecem em silêncio, alegando orientação de seus advogados. Mas o ex-diretor de Serviços da Petrobras repetiu inúmeras vezes que o delator "é um mentiroso". Mendonça confirmou aos deputados da CPI que fez "contribuições" ao PT - valores tirados da propina que afirma ter pago a Duque. A pedido do então diretor de Serviços da Petrobras, Mendonça disse que procurou Vaccari para ajustar os repasses. "Ele (Mendonça) é um mentiroso,ele sabe disso", reafirmou Duque, olhando para o delator. "Não consegue provar nada porque ele não tem nada para provar, porque ele mente."
;Tigrão;
O misterioso personagem "Tigrão" dividiu a sessão da CPI da Petrobras em Curitiba, base da Operação Lava-Jato. Em seus depoimentos à Polícia Federal e à Justiça Federal, Mendonça disse que Duque enviava emissários a seu escritório para retirar propinas em espécie. Os emissários de Duque eram identificados pela alcunha "Tigrão", segundo Mendonça.
[SAIBAMAIS]À CPI, Mendonça, que representava a Toyo Setal em negócios com a Petrobras, afirmou que eram pelo menos três os "Tigrões" de Duque. Descreveu um deles como "gordinho" com um metro e 70 de altura, aproximadamente. Este ia "mais vezes" retirar o dinheiro. "Quem é ;Tigrão;, onde mora esse ;Tigrão;? Qual é a identidade desse ;Tigrão;? questionou o deputado Luiz Sérgio (PT/RJ), relator da CPI. "Era um codinome, não sei quem era. Foram pelo menos três pessoas com esse codinome ;Tigrão;", respondeu o delator. "Uma pessoa foi várias vezes e outras pessoas poucas vezes", completou.
"O sr. Augusto é um mentiroso", reafirmou Renato Duque. "Ele cita ;Tigrão; em sua delação. Como alguém pode entregar uma fortuna para uma pessoa de nome ;Tigrão;?", questionou Duque. O ex-diretor da Petrobras desafiou. "Gostaria de ver o retrato falado desse ;Tigrão;, não é possível que alguém que receba tanto dinheiro e não exista fisicamente. Uma pessoa peculiar, que varia um metro e 70 a um metro e 80, meio gordinho. Pode ser qualquer um dessa sala", disse.
Durante a acareação, Duque também disse que a cadeia "faz mal para a alma". A afirmação foi feita após um parlamentar observar que ele aparentava estar em bom estado físico. "Deputado, a cadeia não faz mal para o corpo, faz mal para a alma", respondeu o ex-diretor.