Denise Rothenburg, Eduardo Militão
postado em 15/09/2015 06:08
Líderes dos partidos na Câmara se mostram divididos em relação ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com uma tendência contrária à saída da petista do Palácio do Planalto. Levantamento do Correio com os comandantes de 18 partidos ; e que representam 95% da Casa ; mostra que há cinco siglas a favor da cassação, oito contra e cinco que não se manifestam sobre o tema. Nesse último grupo, há os chamados ;independentes; e aqueles da base aliada com quem os governistas de carteirinha têm certas reservas. Hoje pela manhã, o PCdoB promove um café da manhã com o núcleo duro de aliados para tentar superar a crise, contrapor o discurso de impeachment da oposição e, aos poucos, recuperar os partidos que se dispersaram ao longo da crise político-econômica.Na oposição, todo mundo é a favor do impeachment, menos o líder do PSol, Chico Alencar (RJ). A assessoria dele adianta que essa é a visão de todo o partido. Ninguém empunha bandeira para apoiar Dilma, mas também não engrossa movimentos vistos como de direita. PSDB, DEM e SD e PPS são a favor da saída da presidente.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), afirmou que já existem condições jurídicas e políticas para cassar o mandato de Dilma. ;Estamos vendo o acórdão do TCU sobre as pedaladas, e a Caixa processando o governo por causa disso e prejuízos com os ministérios, temos (a investigação das contas da campanha presidencial no) TSE, as delações premiadas (da Lava-Jato)...;, enumerou o oposicionista. ;Na parte política, temos o povo nas ruas e o movimento dos deputados pró-impeachment;, afirmou Bueno.
Concorda com ele o vice-líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT). Ele enfatiza que o impeachment é uma decisão mais política que jurídica. ;Há toda base legal, moral e política para isso. Dilma cometeu crimes de responsabilidade fiscal e sua presença no governo está empobrecendo o brasileiro;, afirmou.
Na base aliada, estão com Dilma os líderes do PMDB, PT, PDT, PSD, PP, PCdoB e Pros. O comandante do PDT, André Figueiredo (CE), garante lealdade ao governo, embora os demais governistas tenham desconfiança com ao menos uma parcela dos pedetistas. ;Da parte do PDT, nada justifica impeachment;, garantiu ontem ao jornal. ;Dilma não é ré em nenhum processo.; O líder do PMDB, Leonardo Piccioni (RJ), também rejeitou qualquer possibilidade de cassação.
Recomposição
Entre os que não responderam às perguntas do Correio ontem, estão os líderes dos independentes PSB, PTB e PV, mas também os comandantes das siglas governistas PR e PRB. ;Não tem como responder por telefone;, justificou o líder do PTB, Jovair Arantes.
A líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), organiza na manhã de hoje um café com líderes e presidentes de partidos da base. O PTB de Jovair não foi convidado. ;Não é base, mas também não é oposição;, disse ela à reportagem. ;Primeiro vamos convidar os outros;, explicou Jandira. O PV não foi convidado para o evento. O PSB estava em negociação.
Segundo Jandira, um dos objetivos é ;retomar a base, que tem tido algumas dispersões;. Os comunistas querem reafirmar o resultado das urnas e combater o impeachment. ;Vamos tomar algumas posições em relação à crise e enfrentar esse cerco político que tentam fazer em relação à questão democrática.;
O levantamento do jornal considerou as bancadas que tinham mais de 10 deputados. Também considerou os partidos PV e PSol, apesar de serem siglas menores tendo em vista que, mesmo assim, não se coligaram a blocos partidários. Juntas, essas 18 legendas representam 487 parlamentares, ou 95% dos 513 deputados. O jurista e ex-petista Hélio Bicudo tem até semana que vem para refazer seu pedido de impeachment, apresentado no dia 1;. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou que ele fizesse adaptações formais na solicitação.